Houve uma época da nossa vida, em que bastava uma troca de meia dúzia de palavras, para fazer um amigo. Ao fim de 5 minutos já éramos íntimos e frequentadores da casa uns dos outros.
Infelizmente, quase sempre aprendemos da pior maneira, que a realidade não é bem assim…
Nesta altura da nossa vida, grande parte das amizades que perduraram, têm uma, duas, três ou até quatro décadas.
Sem dúvida que amizades assim são uma bênção, algo que devemos agradecer e conservar com todo o cuidado, como se de um tesouro se tratasse.
Assim unidos, ainda vamos todos viver a velhice numa espécie de república, onde nos vamos divertir muito e, onde a nossa família não está autorizada, a aparecer sem avisar…. É que queremos estar à vontade.
Mas, e como dizia Sêneca, ” a vida é como uma peça, não é a duração, mas a excelência da atuação que importa”, … que seja então este último ato da nossa ” peça “, vivido na maior tranquilidade e doçura.
Que bom seria …. cuidar uns dos outros.
Aos domingos vinham os nossos filhos, as noras, genros, os netos e bisnetos e seríamos uma grande família.
Cada vez que um partisse ficávamos tristes, mas igualmente felizes porque ao longo dos tempos, nos tínhamos mantido unidos.
Este local utópico pode perfeitamente existir.
Aliás, seria uma excelente ideia e desta forma, a vida dos nossos filhos não ficaria hipotecada nem sobrecarregada e também não ouviríamos “Ó mãezinha já não tens idade para isso! “
Até podíamos formar um grupo de teatro ou cantorias, num molde mais sénior, para apresentar no Natal aos netos, assim … como eles fazem agora na escola.
Ao serão partilhávamos as nossas histórias, as dores nas cruzes, sorrisos largos e gargalhadas.
Envelhecer faz parte de uma jornada, ter a certeza de que não vivemos em vão, que a nossa vida de uma forma ou outra, fez sentido.
O que não se pode aceitar, é “chegar ao fim” com uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma.