Então, chove ou não chove?
Alguém que rebente as águas a esta meia-estação, por favor.
Não me interpretem mal. Eu gosto muito do sol e do calor.
Mas até eu, senhora citadina, estou preocupada com o tempo persistentemente seco que se vem sentindo nesta ponta do globo e não só…
É uma seca e peras!
Não são só as peras que se têm ressentido. É toda a agricultura e e…
Não me vou pôr para aqui a tecer considerações sobre o estado do país, porque não tenho dados para isso, nem sobre as alterações climáticas, que são uma realidade, nem tão pouco sobre de quem é a culpa, que sabemos que ninguém sai disto ileso (uns muito mais do que outros, claro).
Não é só o tempo que está uma seca.
É uma seca perceber que a seca já provocou mortes demais.
Que foi preciso chegar a este ponto para se perceber a emergência da coisa.
É uma seca saber que as danças da chuva que se têm feito ainda não surtiram (suficiente) efeito.
É uma seca saber que às vezes brincamos com o fogo (queimadas, despreocupação vária…), sobretudo em tempo de secura extrema.
É uma seca ver terras tão fertéis e abundantes barragens açoitadas pelo tempo num presente como este.
No meio desta grande seca, nem tudo é, apesar de tudo, uma seca.
Não é seca quando se vê a solidariedade entre as populações, algumas sem grandes recursos; não é uma seca ver o trabalho contínuo dos bombeiros, ver a coragem humana na reconstrução, ver tanta concertação de esforços, ouvir tantas vozes na rua.
A seca é grande, mas o povo agiganta-se na sua determinação.
Vamos timidamente bebendo da inspiração que a Natureza proporciona ao Homem.
O mar, a terra, o ar e o fogo são forças superiores que servem o Homem para um propósito elevado: para este viver mais e melhor.
O progresso e o consumismo não podem sobrepor-se ao estado de saúde do planeta. Que infelizmente há muito vem acontecendo, com gravíssimas consequências.
Somos pessoas e não avestruzes, com todo o respeito por estas últimas.
Sabemos pensar e trabalhar para o bem-estar de todos, com prioridade máxima para quem nos acolhe e alimenta a vida toda, ao longo de milénios, a nossa incansável Mãe-Terra.
São estas distrações tão dolorosas para todos. Mas que seca!