Antes do tremendo ruido provocado pela “intentona” dos mercenários caminhando para Moscovo num afrontamento a Putin, alarmou-se todo o mundo com o desaparecimento duma espécie de submarino que levava a bordo quatro milionários americanos para observarem de perto os restos do famoso Titanic, afundado na sua primeira viagem, levando a bordo a “nata” da sociedade americana, após ter embatido com um iceberg.
E nesse tremendo acidente morreram mais de mil pessoas. Ora a tal espécie de submarino transportava “a curiosidade” de quatro ou cinco excêntricos milionários que por puro gozo pagaram uma fortuna para descer a mais de quatro mil metros de profundidade onde a pressão da água exige que a pequena embarcação tenha uma parede especial de grande resistência misturada com uma maleabilidade especial.
Os progressos da ciência tinham, como é evidente, estudado o problema exaustivamente, inventado ligas especiais e feito mil e uma experiências, até com aquele submersível em especial. Estavam criadas as condições para os cinco milionários poderem satisfazer a sua curiosidade. Mas, eis a tragédia: o “barquinho” implodiu e desfez-se! Uma tragédia!
Durante o tempo que podia durar o oxigénio mobilizam-se os mais modernos meios de socorro e de estudo científico saídos dos portos de Canadá e dos Estados unidos e – ao fim de dois dias – meios sofisticados de ver e ouvir a grandes profundidades de outros países.
Durante uns cinco dias viveu-se esta tragédia de manhã à noite em todos canais. Vieram peritos e cientistas dar os seus pareceres e opiniões. Nunca tinha visto tantos meios de salvamento, nunca tinha visto tanta preocupação com quatro ou cinco vidas! Dois dias antes afundara-se um barco de refugiados tendo morrido umas quinhentas pessoas, entre elas mulheres e crianças à procura dum lugar para poderem viver fugindo da fome, da seca, da guerra ou da exploração, de gente humana que apenas quer um lugar para viver.
Um barco costeiro de socorro salvou uma vintena que se aguentavam à superfície. Que paradoxo entre os dois acidentes – será que há vidas humanas que valem mais do que outras? E minguem resolve (ou, pelo menos tenta) este problema?
Eu sei que há uma espécie de Banco Mundial cuja missão é “acudir” a este problema da pobreza e da instabilidade de certas regiões da África subsaariana. Alguns países mais organizados da África contribuem para esse banco de auxílio com pequenas parcelas do capital dessa entidade de entreajuda à pobreza e outras condicionantes que estão na base das correntes migratórias que procuram onde viver morrendo às centenas ou milhares pelos caminhos de fuga.
Mas tem interesse sabermos que a maior parte do capital dessa instituição é detida por dois magnatas milionários norte americanos que (oh! Paradoxo!) contribuíram para, pelo menos, duas guerras, invasões e destruições provocadas pelas tropas dos Estados Unidos. E, pelo menos, a do Iraque que derrubou Sadam foi baseada em pressupostos falsos.
Que paradoxo serem estes dois senhores os detentores da maioria do capital dessa espécie de banco para o desenvolvimento dos países e regiões mais pobres da África de onde debandam os milhares de refugiados a quem se acode tarde e a más horas e que – depois de salvos (!) são encerrados em campos sem condições ou – como faz presentemente a Inglaterra – metidos em aviões e colocados de novo em África num país com quem se fez esse acordo!
São ou não paradoxos que matam?