Na actualidade está em grande plano o terramoto de Marrocos com grande intensidade e uma réplica igualmente forte. Como sabemos o invólucro da terra em que habitamos é constituído por placas que mostram que a parte sólida do nosso planeta está fragmentada em grandes placas havendo entre elas fendas ou fraturas. Ora não podemos esquecer que nada é estático, isto é, há um processo evolutivo permanente.
Nessa conformidade, essas placas representam grandes superfícies do invólucro solido da Terra. E cada vez que duas dessas placas se movem dão origem, cá na superfície, a tremendos abalos – tudo treme com grande intensidade e as casas não se aguentam de pé.
Nos tremores de terra de grande intensidade, como este em Marrocos, as destruições são enormes deixando cidades em cascalho ou em situações de queda iminente. A própria superfície da zona atingida sofre modificações e nascem montanhas, desfazem-se outras, descem grandes encostas levando tudo à sua frente e soterrando muito do que apanham no seu caminho. Um tremor de terra é algo que aterroriza, especialmente os que sabem que têm no seu subsolo fendas tectónicas – é o caso da zona de Lisboa, Setúbal e igualmente no Algarve (como sabemos já sofremos as consequências disso em tempos que já lá vão).
Do interior do nosso planeta também saem por muitas “bocas”, de quando em quando, ondas de lava incandescente que tudo arrasa e queima por onde escorre. Conhecemos muitos exemplos dessas erupções, até bem recentes E sobre essa crosta traiçoeira temos depois o que poderemos chamar de “biosfera” – os seres vivos: os animais, os vegetais, os mares e os rios – nisto a que estou chamando de biosfera vivemos nós – os seres humanos diferenciados dos milhões doutros seres pela inteligência.
Todos os seres vivos têm (por decisão dum criador?) apetite para procurarem comida e garantir que cada espécie não termina e atração sexual para garantir que a espécie não acaba. Isto é válido para o “homo sapiens” – para todos nós que temos uma inteligência que aumenta permanentemente e deu no progresso tecnológico em que vivemos, levando ao rubro essas potencialidades construindo uma “inteligência artificial”. E sobre esta biosfera temos depois outra camada importantíssima que é a “atmosfera”.
Ora, há muito que se verifica que o homem, com a sua enorme inteligência e uma outra qualidade que mais nenhum ser vivo tem – a liberdade – pode dirigir a sua acção para os objectivos que bem entender. Dizem as religiões que o Criador esteve com forma humana para nos ensinar a viver o bem, o amor, a fraternidade, a respeitar a dignidade do ser humano. Mataram-no! E ao fim destes dois mil anos o homem tem feito mau uso, com a sua liberdade, do poder extraordinário da sua inteligência.
O homem usou essa liberdade para objetivos que têm levado a tremendas modificações da biosfera (guerras, roubos, ânsia de poder e mandarem uns poucos sobre a maioria, abusos, crimes e muitas e constantes agressões à mãe Terra! Que grita por socorro com o aumento dos furacões, com a subida da temperatura, com secas noutros locais, com enxurradas e uma total desorganização da harmonia na nossa “casa comum”.
E dizem os cientistas que por este caminho, se não se diminuir a poluição, se não se baixar a temperatura média da atmosfera e do mar, se não se modificar radicalmente a maneira de viver com os atropelos à mãe Terra, dentro de quatro ou cinco décadas o nosso mundo torna-se inabitável.
Os peritos dizem-no há anos, os governos conversam e nada fazem de concreto e ninguém ouve os gritos da Terra! Que o tremendo terramoto de Marrocos e os desvarios da natureza nos façam pensar neste drama ecológico. Que a emotividade que as imagens de Marraquexe e das aldeias destruídas desperte em cada um de nós o perigo ecológico. E não esqueçamos o que um dia disse o Papa Francisco: “Ou vivemos todos juntos, ou morremos todos juntos”.