Há mais estrelas no Universo observável que grãos de areia em todos os desertos e todas as praias da Terra. E há mesmo muitos grãos de areia!
Uma irónica peculiaridade sobre o céu noturno é que todas as estrelas visíveis estão localizadas na nossa galáxia. Nem um telescópio amador consegue observar outras estrelas para além do escopo da Via Láctea.
Durante anos desconfiou-se que a nossa galáxia, a par de outras poucas vizinhas, estavam isoladas no universo. Até que em 1995 o telescópio Hubble tirou, em órbita sobre a Terra, uma série de fotografias à escuridão do Espaço. O resultado causou euforia a todos os astrónomos. Numa pequena área do céu, do tamanho equivalente à ponta de um alfinete esticado à distância de um braço, o Hubble deslindou centenas de milhares de outras galáxias. Arrebatadoras notícias. Afinal não estamos sozinhos no Universo. Ou estaremos? Onde estão todos os extraterrestres?
Aquilo que lhe acabo de enunciar, caro leitor, é conhecido como o paradoxo de Fermi. Numa imensidão de incontáveis galáxias, milhares de milhões de estrelas, imensuráveis planetas… Como é que nunca encontramos vida fora da Terra? Ou como é que vida inteligente nunca nos encontrou? É intimidante a ideia de estarmos sozinhos num Universo, alegadamente infinito, mas a verdade é que nunca haverá uma resposta sofismada a esta questão. Não até encontrarmos algo que, de facto, nos garanta que temos companhia.
Talvez já tenhamos sido contactados por alienígenas. Talvez as distâncias entre estrelas sejam tão vastas que nenhuma tecnologia as consiga superar. Talvez sejamos a primeira forma de vida a admirar as belezas do Universo. Talvez seja pelo melhor sermos os únicos. Sabemos, pelos retalhos da nossa própria história, que quando duas civilizações distantes se encontraram, a história nunca acabou bem para a menos desenvolvida.
Mesmo nunca tendo recebido qualquer contacto forasteiro, as Nações Unidas mantém um gabinete dedicado a assuntos extraterrestres. É de sua responsabilidade elaborar acordos de consenso sobre corpos celestiais e manter protocolos atualizados sobre procedimentos em caso de contacto ou visita por formas de vida estranhas à Terra. Nunca se sabe.
As sondas Voyager foram os primeiros objetos que a humanidade mandou para além do Sistema Solar. Condenadas a deambular eternamente pelo cosmos, em ambas as sondas estão inseridos discos de vinil de ouro, por ser um metal estável, e um esquema com instruções para exibir o seu conteúdo. Podem ouvir-se saudações em 55 línguas diferentes, sons de animais e elementos da natureza, como o vento, um vulcão e uma tempestade. Os discos também dispõem imagens de certos comportamentos humanos, infraestruturas e algumas das nossas definições elementares da matemática, química e física. As sondas viajam a uma velocidade 20 vezes superior a uma bala, mas ainda assim não passarão perto de nenhum astro nos próximos 40000 anos.
Uma maneira de mitigar a nossa solidão no Espaço é pela teoria dos Universos Paralelos. Chegar a este ponto significa que a barreira da ciência foi ultrapassada e acreditar nesta teoria torna-se numa questão espiritual. Porém muitos físicos de renome identificam-se com estas ideias e há quem diga, até, que é uma maneira mais lógica de explicar a origem de tudo. O dogma desta teoria diz-nos que o nosso Universo pertence a uma infindável rede de Universos onde todas as possibilidades são possíveis. Num desses Universos paralelos o leitor é um famoso cantor pop e noutro desses nunca sequer nasceu. Todas as possibilidades são válidas. Revejo-me bastante nesta teoria e deleita-me a sua idónea beleza. A ser verdade, nunca estaremos sozinhos em lado nenhum.