29 Junho 2024, Sábado

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O senhor Rui Nabeiro

O senhor Rui Nabeiro

O senhor Rui Nabeiro

, Médico
22 Março 2023, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Nunca vi nem falei pessoalmente com o Sr. Rui Nabeiro cujo funeral se realizou ontem. Era um homem simples apenas, como a maioria dos portugueses  letrados no século passado, com a quarta classe pois predominava entre nós o analfabetismo.

E, no entanto, vimo-lo e ouvimo-lo em todos os canais de televisão nos últimos quatro dias.  Foram inúmeras as pessoas importantes a darem testemunho da sua personalidade e da sua obra. Que tinha este homem, assim, simples, afável e modesto, para desencadear uma consternação pública desta dimensão imensa? Não apenas no Alentejo, mas praticamente em todo o País e em todas as classes sociais?

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Sim, foi um homem simples que durante toda a sua vida construiu um império a partir do nada apenas com o seu querer e a sua força interior, com uma energia que o impulsionava sempre para a frente, que nunca estava satisfeito com os patamares atingidos. Eu penso que não será difícil encontrar entre os portugueses outras pessoas que igualmente construíram com o seu trabalho grandes empresas, ou fizeram obras notáveis e de interesse. Mas o Sr. Rui – como gostava que lhe chamassem – tinha algo que é pouco frequente nos nossos dias: gostava de ajudar os outros, tinha consideração pelos outros independentemente da sua posição social, da sua cultura ou de qualquer outra condição.  O Sr. Rui não atropelava minguem, o seu jeito era pura e simplesmente ajudar. E fazia isto com naturalidade no meio da tremenda luta que travou para se impor como um grande industrial. E no interior do País!

Este homem simples tratava os seus colaboradores ,podemos dizer mesmo, com carinho, Abraçava se necessário, tratava cada um pelo seu nome familiarmente.  Este homem é uma lição de vida, é um exemplo tão pouco seguido, com uma conduta tão rara que comoveu um país inteiro! Nem sei a dimensão actual do seu “império”, só sei que começou a negociar com café e que a sua empresa foi crescendo, dando trabalho a muita gente, que a sua terra natal foi progredindo pela ação dos seus negócios, que os seus negócios cedo chegaram até Timor.

Ser assim simples, empenhado e lutador sem atropelar os outros e – pelo contrário – fazendo com que os outros se sintam importantes por serem seus companheiros de luta e crescimento -é qualidade tão rara na nossa sociedade que despertou este imenso reconhecimento dos portugueses.  Fazemos votos sinceros que nesta sociedade competitiva se não perca o ensinamento da vida do Sr. Rui Nabeiro. Que o seu exemplo não provoque apenas elogios, mas faça germinar alguma melhoria nesta sociedade de protestos, nesta sociedade que se sente oprimida pela maneira como se vive o dia a dia. É que olhando á nossa volta não vislumbramos  alguém semelhante, o que nos faz com frequência descrer da recuperação da atual maneira de viver cheia de atropelos, de enganos conscientes, de rasteiras e de indignidades.

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Porque temos greves por todos os lados? Porque temos manifestações e marchas de protesto todas as semanas? Porque temos tantas rusgas da Polícia Judiciária? Porque temos  despedimentos com (ou sem ) justa causa, seguidos de processos judiciais? Porque se agridem uns aos outros, por que todos estão á espreita da melhor maneira de ultrapassar os outros!

Afinal, apenas por que não pensamos nos problemas dos outros e não pensamos sequer em dar-lhes uma ajuda e muitas vezes apenas seria necessária uma “pancadinha” nas costas!

E isto sem pensar no apoio que deu á Universidade de Évora, e a toda a obra social para os seus empregados e famílias. Era “apenas” um homem bom!

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