O saber das PLANTAS: Amieiro

O saber das PLANTAS: Amieiro

O saber das PLANTAS: Amieiro

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21 Junho 2024, Sexta-feira

O amieiro comum, Alnus glutinosa, da família botânica das Betulaceae, árvore corrente em Portugal, onde outrora alcançou elevado prestígio. O amieiro que bem conhecemos tem crescimento rápido e tronco erecto de porte médio que pode chegar aos 30 metros de altura. A sua duração raramente ultrapassa cem anos. As folhas são arredondadas, dentadas, pecioladas e alternas.  A árvore é monoica, isto é, possui ambos os sexos na mesma unidade. As flores masculinas surgem em compridos amentilhos violáceos que pendem carregados de pólen. As inflorescências femininas são ovóides formando uma espécie de pinha que, ao amadurecer, lenhifica. Uma característica valiosa do amieiro vem do facto de estabelecer simbioses radiculares com uma bactéria filamentosa fixadora de azoto. É, portanto, semelhante às leguminosas que libertam azoto através dos nódulos das suas raízes, enriquecendo o solo e facilitando a vida de outras plantas. Os amiais formam barreiras corta-ventos, dificultam a erosão dos solos, resistem a baixas temperaturas e despoluem a atmosfera. Antigamente utilizavam-se as cascas do tronco para a curtimenta das peles, dada a sua grande riqueza em tanino. Também se notabilizava no fabrico de corantes nas épocas em que não se dominava a química de síntese.  A madeira que, após o corte, apresenta uma tonalidade avermelhada, é muito leve e macia, mas resistente, não apodrecendo facilmente. Com ela, confeccionavam-se outrora típicos tamancos, como refere o saudoso José Salgueiro no seu livro “Ervas, Usos e Saberes”. O mesmo autor indica que as partes mais utilizadas em fitoterapia são as folhas e as cascas dos ramos novos. Com 30 g das folhas fervidas num litro de água temos um “chá” para tomar três vezes ao dia para baixar a febre. Essa decocção, deitada em banhos de água quente, alivia as dores reumáticas. O cozimento das cascas serve para confeccionar gargarejos a fim de debelar anginas, tratar úlceras varicosas e proceder a irrigações vaginais. Por sua vez, Oliveira Feijão acrescenta que as cataplasmas das folhas fazem parar a secreção láctea das mulheres. Comprovadamente o amieiro tem como principais componentes tanino, lípidos e pigmentos que lhe conferem propriedades adstringentes, cicatrizantes, tónicas, vulnerárias, anti-reumáticas, anti-lactagogas e febrífugas. Tudo isto são incentivos para que aprofundemos o estudo desta planta espontânea no nosso país e que parece guardar segredos ancestrais.

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