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O idaismo

O idaismo

O idaismo

, Médico
8 Outubro 2020, Quinta-feira
Mário Moura - Médico|

Há tempos convidaram-me para ir fazer uma palestra sobre o “idaismo”. Como era meu hábito sempre aceitei falar sobre temas importantes onde a minha condição de médico e cristão me desse oportunidade de contribuir para o bem do próximo. Mas confesso que o tema que me pediram para desenvolver era para mim totalmente desconhecido.

Tive portanto que estudar o assunto. Depois de algumas pesquisas, afinal o idaismo significava a “descriminação geracional”, isto é a “atitude preconceituosa e discriminatória das pessoas de idade”. Ora nada mais atual do que falarmos sobre o idaismo quando , em plena pandemia temos os noticiários cheios de casos de covid19 em lares. Há muito que sabemos que a nossa sociedade atual está a desequilibrar-se pela fraca natalidade e o aumento de pessoas que sobrevivem cada vez mais anos.

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Entre nós cada mulher tem um índice de natalidade que se fica por “um virgula qualquer coisa” diminuindo os nascimentos para repor a mortalidade.

Entretanto o desejo de cada pessoa é querer viver cada vez mais anos com a ajuda dos progressos da ciência médica e dos meios sanitários (longe vai o tempo em que os esgotos não eram tratados , nem a água de consumo público) . Tudo isto tem tido como consequência um acentuado envelhecimento da sociedade.

E como vivemos numa sociedade que produz muito mas não destribue como deve ser, estamos com este paradoxo ( e não é só cá no nosso Portugal!) : cresce a pobreza e……os milionários !!!. E em boa verdade os idosos cada vez em maior número são um peso económico para as famílias e para quem governa o país.

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Vem este arrazoado pseudo científico por causa da pandemia e dos problemas que surgiram por todo o país com as morte pela covid19 acontecendo por esse país fora. O país está cheio de lares oficiais ou clandestinos de que nem todos estávamos conscientes da sua existência – e o problema é que veio ao de cima o tal “idaismo”.

Quando sairmos desta situação pandémica (e não sabemos quando), os idosos que eram amontoados e tratados sem um mínimo de cuidado e dignidade que merece quem já deu o seu contributo durante muitos anos para a sociedade, não pode continuar. E como tudo no regime em que vivemos também as pessoas são consideradas e avaliadas pela sua capacidade de produzir, os idosos (uns reformados legalmente, outros nem isso) são elementos descartáveis – um peso para os casais e um peso para os governos, em geral ao serviço do grande capital. Felizmente que há exceções!

Mas a realidade é que foi o coronavírus que se espalhou pelo no nosso habitat e pelo mundo todo que veio trazer para o debate, pondo a descoberto o tal desprezo, o tal “idaismo” que reina no nosso mundo ocidental, este problema dos seniores. Lá para o Oriente e até no interior de África consideram os idosos com mais consideração e respeito que neste ocidente dito civilizado.

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Muito a propósito saiu à luz do dia uma “Enciclica” do Papa Francisco que encaminha os seguidores de Cristo para lutarem por uma sociedade justa em que se encaminhe a vida para que não haja pobres nem proscritos por outras razões. É evidente que os cristãos, não apenas de nome, mas vivendo o amor, miolo da mensagem que Cristo deixou e segundo o qual viveu, têm de ter “uma dimensão política” desse amor. Isto é têm de pensar no “povo de Deus” total e não apenas no “seu pobrezinho” a quem dão uma ajuda. Quem tem orientações de qualquer religião (o Deus é só um!) tem a obrigação de impedir que o pós pandemia seja igual, e que a “nova normalidade” de que se começa a falar, seja realmente nova.

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