O Governo dos bons

O Governo dos bons

O Governo dos bons

30 Julho 2017, Domingo

Ao aproximar-se a data de mais uma eleição autárquica, não consigo evitar uma reflexão sobre o sentido da mesma, no concelho do Montijo, local onde nasci e onde, no próximo dia 1 de Outubro, irei exercer o meu direito de voto.

E, logo, me veio à cabeça um slogan actual, “Somos Todos Montijo”, usado por todos – quer por aqueles que contestam, quer pelos que são contestados –, para mais facilmente me sentir incluído.

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E a História ajuda-me a reflectir. Penso nos inúmeros viajantes que por aqui passaram, ao longo dos séculos, por virtude da sua posição geográfica, a mais favorável nos trajectos entre a capital e o Sul, e mesmo nas ligações com Espanha e o resto da Europa. E sempre os seus habitantes a saudarem os viajantes, de portas abertas para quem aqui afluísse, parecendo saber que este fluxo foi causa da sua origem e era a razão de seu desenvolvimento.

E a este trajecto secular se deve, igualmente, o aparecimento, primeiro do Montijo, no local da actual Base Aérea nº 6, e onde, no século XIII, existia uma albergaria e hospital, para recolher e tratar os viajantes, em trânsito para Lisboa, e depois, nos inícios do século XIV, da Aldeia Galega do Ribatejo, com a primeira referência documental do ano de 1321.

Mas, também, foi a razão para o seu desenvolvimento. A escolha da Aldeia Galega do Ribatejo para sede, a sul do Tejo, do primeiro serviço de correio público, a posta do sul, a partir de 1533, transformada, em meados do século XIX, na Mala-Posta do Alentejo, na dupla componente de transporte público de passageiros e cargas, para além do correio.

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E, em todas as ocasiões do passado desta terra, manteve-se a matriz: a abertura ao cosmopolitismo da capital, à inovação, à criatividade das sociedades mais urbanas e, em simultâneo, a sua proximidade ao campo, ao aproveitamento dos seus produtos, como são os casos, desde princípios do século XX, das indústrias de transformação da carne de porco, da cortiça, e, nos tempos mais actuais, da produção de flores.

Terra, simultaneamente, de criatividade e progresso, como nos mandatos autárquicos dos presidentes Domingos Tavares (1878-1905), ou de José da Silva Leite (1955-1960), dois dos melhores exemplos de bons serviços prestados à chamada “causa pública”.

Mas, igualmente, terra de valores, como foi amplamente demonstrado aquando da implantação, em 1910, do regime republicano, no nosso país. E que lhe valeu o lema de “terra mais maciçamente republicana”, atribuído, no ano de 1909, pelo ilustre republicano, António José de Almeida, num dos mais brilhantes períodos da história deste concelho.

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Que ser republicano é ser defensor do poder com princípios e valores. É exercer o poder, mandatado pelo voto, para o interesse público e não para o interesse privado ou de grupo. E fazer do poder um veículo de progresso e bem-estar para todos, para todos mesmo.

Há muitos séculos, Platão escreveu uma frase, ainda hoje, muito actual, e com a qual gostaria de terminar esta minha reflexão, não sem antes, ainda, fazer um apelo a que, no dia 1 de Outubro, todos exerçam o seu direito de voto, uma vez que “a punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus”.

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