O caminho…

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O caminho…

, Médico
14 Novembro 2018, Quarta-feira
Mário Moura -
Mário Moura –
Médico

É impressionante para mim e, penso eu, para muito mais gente, ver na televisão aquela quantidade de gente, homens, mulheres e crianças, muitas crianças, que veem caminhando desde as Honduras, um país extremamente pobre e desorganizado, caminhando para norte na procura dum El Doirado onde possam viver sem perigo de morte e com possibilidades de serem felizes.

É natural que famílias inteiras estejam saturadas de viver o risco permanente da sua vida e a fome queiram procurar outro local de vida. É natural que famílias inteiras pensem numa vida futura sem sofrimento permanente, é natural que todos aqueles seres humanos anseiem ser felizes! Saídos das Honduras vão atravessando outros países vizinhos onde a vida não será certamente muito diferente da delas, e o grupo vai engrossando – são muitos milhares com sacos ás costas, bolsas enormes a tiracolo, puxando ou empurrando carrinhos , alguns improvisados, estando nesta atura já a entrar no México a caminho do seu destino – a fronteira com os Estados Unidos da América.

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Impressiona ver uma estrada cheia de lado a lado e a perder de vista A América que por tradição é no mundo um país rico e desenvolvido e que até teem mandado no mundo. Por este papel de senhores dos mares e de terem a força militar e a indústria e riqueza maior do mundo, esta América tem um poder de atração para aqueles milhares de pobres . Vejo essas imagens na televisão e vem ao meu pensamento o povo de Deus saindo do desterro do Egito e procurando a sua Terra prometida. Mas de outros locais igualmente paupérrimos , agora em Africa , vêm em grupos famílias inteiras, famílias amputadas de alguns dos seus membros pela guerra, e com eles por isso veem muitas crianças sem já a companhia dos pais mortos pelas guerras ou caídos pelo caminho.

Muitas centenas ou milhares vão ficando pelo caminho mortos no deserto e essas imagens nós não as vemos, pois são corpos isolados que não são noticia como os milhares que caminham juntos no continente Americano. E destes , muitos deles explorados por traficantes de pessoas humanas , conseguem chegar ás margens do Mediterrânio e são lançados em barcos apinhados e impróprios para fazerem a travessia. Juntam à tragédia dos seus países donde fogem , a tragédia da traficância que os lança no Mediterrânio onde têm morrido afogados aos milhares.

Vêm fugindo da pobreza e da guerra com o pensamento na Europa rica e sem guerras. Europa que ensaiou, depois de duas grandes guerras (uma das quais fez agora 100 anos que terminou) viver em paz e formando uma verdadeira União Europeia que atravessa também um momento tempestuoso que poe em risco os objetivos com que foi criada por políticos sonhadores após a 2ª guerra mundial que arrasou toda a Europa e fez milhões de vítimas.
E qual vai ser o resultado de todas esta migrações maciças ? Como vai a América receber aquela multidão? Por azar a ser atualmente governada por um presidente que que se tem pronunciado anti migrantes duma maneira grosseira? E que resoluções vão os países da União Europeia tomar face a esta chegada constante de migrantes e refugiados da África Central quando já se constroem muros e barreiras de arame farpado nalguns dos países por podem entrar os fugitivos do sul?

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Na América de Trump nada podemos fazer, mas na Europa até vamos ter em breve eleições para o Parlamento Europeu, devendo por isso ser nossa obrigação debater este tema para mostrar aos nossos candidatos a deputados o que pensam os cidadãos que os elegem. Ou vão apenas a pensar nos ordenados que auferem, bem “chorudos” ?

Mas todo o cidadão , penso agora em Portugal, tem de ter algumas ideias sobre as tragédias humanas que se estão vivendo , e tem a obrigação de pensar no que será possível fazer-se para atenuar tais tragédias.

Senão vemos os milhares que ficam pelo deserto do Saara, se não temos muita consciência do cemitério que hoje é o mar Mediterrânio, Pensemos pelo menos naquela imagem da estrada cheia a perder de vista de gente maltrapilha caminhando para a fronteira dos USA – e que certamente vão ser recebidos à bala!

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