É impressionante para mim e, penso eu, para muito mais gente, ver na televisão aquela quantidade de gente, homens, mulheres e crianças, muitas crianças, que veem caminhando desde as Honduras, um país extremamente pobre e desorganizado, caminhando para norte na procura dum El Doirado onde possam viver sem perigo de morte e com possibilidades de serem felizes.
É natural que famílias inteiras estejam saturadas de viver o risco permanente da sua vida e a fome queiram procurar outro local de vida. É natural que famílias inteiras pensem numa vida futura sem sofrimento permanente, é natural que todos aqueles seres humanos anseiem ser felizes! Saídos das Honduras vão atravessando outros países vizinhos onde a vida não será certamente muito diferente da delas, e o grupo vai engrossando – são muitos milhares com sacos ás costas, bolsas enormes a tiracolo, puxando ou empurrando carrinhos , alguns improvisados, estando nesta atura já a entrar no México a caminho do seu destino – a fronteira com os Estados Unidos da América.
Impressiona ver uma estrada cheia de lado a lado e a perder de vista A América que por tradição é no mundo um país rico e desenvolvido e que até teem mandado no mundo. Por este papel de senhores dos mares e de terem a força militar e a indústria e riqueza maior do mundo, esta América tem um poder de atração para aqueles milhares de pobres . Vejo essas imagens na televisão e vem ao meu pensamento o povo de Deus saindo do desterro do Egito e procurando a sua Terra prometida. Mas de outros locais igualmente paupérrimos , agora em Africa , vêm em grupos famílias inteiras, famílias amputadas de alguns dos seus membros pela guerra, e com eles por isso veem muitas crianças sem já a companhia dos pais mortos pelas guerras ou caídos pelo caminho.
Muitas centenas ou milhares vão ficando pelo caminho mortos no deserto e essas imagens nós não as vemos, pois são corpos isolados que não são noticia como os milhares que caminham juntos no continente Americano. E destes , muitos deles explorados por traficantes de pessoas humanas , conseguem chegar ás margens do Mediterrânio e são lançados em barcos apinhados e impróprios para fazerem a travessia. Juntam à tragédia dos seus países donde fogem , a tragédia da traficância que os lança no Mediterrânio onde têm morrido afogados aos milhares.
Vêm fugindo da pobreza e da guerra com o pensamento na Europa rica e sem guerras. Europa que ensaiou, depois de duas grandes guerras (uma das quais fez agora 100 anos que terminou) viver em paz e formando uma verdadeira União Europeia que atravessa também um momento tempestuoso que poe em risco os objetivos com que foi criada por políticos sonhadores após a 2ª guerra mundial que arrasou toda a Europa e fez milhões de vítimas.
E qual vai ser o resultado de todas esta migrações maciças ? Como vai a América receber aquela multidão? Por azar a ser atualmente governada por um presidente que que se tem pronunciado anti migrantes duma maneira grosseira? E que resoluções vão os países da União Europeia tomar face a esta chegada constante de migrantes e refugiados da África Central quando já se constroem muros e barreiras de arame farpado nalguns dos países por podem entrar os fugitivos do sul?
Na América de Trump nada podemos fazer, mas na Europa até vamos ter em breve eleições para o Parlamento Europeu, devendo por isso ser nossa obrigação debater este tema para mostrar aos nossos candidatos a deputados o que pensam os cidadãos que os elegem. Ou vão apenas a pensar nos ordenados que auferem, bem “chorudos” ?
Mas todo o cidadão , penso agora em Portugal, tem de ter algumas ideias sobre as tragédias humanas que se estão vivendo , e tem a obrigação de pensar no que será possível fazer-se para atenuar tais tragédias.
Senão vemos os milhares que ficam pelo deserto do Saara, se não temos muita consciência do cemitério que hoje é o mar Mediterrânio, Pensemos pelo menos naquela imagem da estrada cheia a perder de vista de gente maltrapilha caminhando para a fronteira dos USA – e que certamente vão ser recebidos à bala!