30 Junho 2024, Domingo

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O abismo?

O abismo?

O abismo?

, Médico
10 Agosto 2021, Terça-feira
Mário Moura - Médico|

É altura de pensarmos e olharmos para o abismo à borda do qual todos nos encontramos presentemente

 

Decorreu uma semana trágica neste nosso mundo com imensos sinais que nos convidam a pensar. As temperaturas atingem níveis impensáveis ultrapassando os quarenta graus em redor do Mediterrânio ou no Canadá e na Califórnia provocando tremendos incêndios, destruindo florestas e habitações, matando gado e obrigando pessoas a fugirem desordenadamente.

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Muitos meios aéreos e milhares de bombeiros eram impotentes para dominar as labaredas que se aproximavam de cidades como Atenas, no caso da Grécia. E não se prevê que essas alterações climáticas desçam para breve. Noutros locais do planeta as chuvas torrenciais e a subida de rios arrasavam culturas, casas e pontes e provocando deslocações de terras sobre habitações deixando sem nada milhares de pessoas, seja cá pela Europa, seja lá longe na China.

E toda esta revolta da natureza vem juntar-se aos danos físicos, psíquicos e materiais e sociais da pandemia da covid-19 que ora parece dominada, ora se prevê que não seja vencida pelos meios que a nossa ciência põe à disposição das autoridades sanitárias – as imunidades parecem ser pouco duradoiras, a vacinação ameaça não nos defender como se pensou de início.

E teme-se que o vírus que se propaga num ápice surja ameaçador numa nova variante. E com tudo isto dura há quase dois anos, os povos limitados nas suas liberdades (esse bem precioso!) revoltam-se contra muitas das limitações impostas pelas autoridades, ou, por outro lado, não cumprem ostensivamente com essas limitações, impostas na ânsia de limitar o espaço de manobra do “bichinho”.

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E como a lei é impugnada ou não cumprida, a mesma lei obriga à intervenção das polícias e surgem focos de violência. E tudo isto traz para a primeira linha as preocupações ecológicas, com os atentados à biodiversidade e aos débeis equilíbrios da natureza assim ameaçada de poder tornar-se inabitável para os nossos netos que os casais actuais já vão fugindo de procriar. E vem juntar-se a este panorama já de si sombrio a baixa natalidade com a respetiva ameaça do colapso dos serviços sociais. Será que estamos mesmo à beira dum abismo?

E os homens aqui e ali ameaçam a paz tomando atitudes bélicas como a actual crise no Golfo Pérsico, em muitos sítios os políticos não se entendem, e a nossa sociedade de consumo continua a aumentar a pobreza e o número de milionários que gastam rios de dinheiro para terem o prazer de estarem cinco minutos em imponderabilidade fora da gravidade terrestre.

Não é altura de se parar para pensar a sério em tudo isto? Não é altura de colocarmos estes problemas da verdadeira sobrevivência na primeira linha das nossas preocupações? Não é hora de dar o devido valor à fraternidade, ao amor e à dignidade do ser humano, secundarizando a ânsia do poder e a adoração do “deus cifrão”?

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E não esqueçamos que não há plano B, e que a lua ou marte são verdadeiras utopias. O que era para muitos um devaneio científico falar de, por exemplo, aquecimento global, tornou-se agora evidência bem próximo de todos nós – as chamas tremendas aqui ao lado ou as cheias e derrocadas agora bem próximo, com imagens trágicas repetidas de manhã à noite pelos telejornais são ineficazes e não penetram fundo nos nossos corações?

Não conseguiremos, nós, o povo, que temos a arma do voto nas nossas mãos, pensar a sério e ver – nesta ameaça do abismo à beira do qual nos puseram? E – dirigindo-me aos que se dizem cristãos – não ouvimos os alertas do nosso Papa Francisco? E os nossos pastores (cardeais, bispos e presbíteros) não têm cada oito dias as igrejas com um auditório atento à palavra de Deus que nos manda espalhar a Boa Nova por esse mundo? E não disse o nosso Papa Francisco que a política é “a forma mais alta” da caridade?

É mesmo altura de todos pensarmos e olharmos para o abismo à borda do qual todos nos encontramos presentemente! É só ouvir e ver com olhos de ver, a TV que temos em casa!

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