Escrevo enquanto Montijense. Nasci no Montijo há 46 anos e tenho presenciado as grandes mudanças que a nossa terra tem vivido durante as 4 décadas de vigência do poder autárquico democrático.
Mudanças essas que deixaram lá atrás o Montijo da minha infância com as fábricas de transformação de carne no centro da cidade, a existência de uma só centralidade na Praça da República, os barcos no Cais do Vapor.
O Montijo de hoje, transformado pelas mudanças do país, confronta-se com desafios novos que devemos enfrentar, com criatividade e capacidade de inovação, através de uma visão que deve integrar a resposta a uma nova realidade que em muito se alterou nos últimos 40 anos.
Hoje, cerca de 20 anos depois da Ponte Vasco da Gama, estamos confrontados com um novo desafio para o nosso território que tem um alcance impar no desenvolvimento e transformação do nosso concelho, que será revolucionário e nos projetará para uma nova fase de crescimento e de desenvolvimento – o Novo Aeroporto.
O Novo Aeroporto Civil que se prevê construir na Base Aérea nº6, para além da criação de emprego associado, que só no setor aeroportuário se estima em 20.000 novos postos de trabalho, transformará profundamente a realidade, não só no Montijo, mas em todos os concelhos limítrofes e dar-nos-á uma centralidade que trará novas infra-estruturas associadas, desenvolvimento turístico e transformação sociodemográfica.
Este projecto tem relevância local, regional e nacional que merece ser referida.
Local, porque gerará criação de riqueza e grande transformação económica, transformação essa que se baseia numa grande infraestrutura sustentável, que terá em conta preocupações ambientais, recursos naturais existentes e que permitirá melhorar a qualidade de vida dos/as montijenses.
Regional, porque tem uma influência que se estende a toda a margem sul e que beneficiará a afirmação da Região na Área Metropolitana de Lisboa, sendo o maior investimento previsto para a região nos últimos anos e provavelmente, a par com a Ponte Vasco da Gama, o maior investimento local de toda a nossa história.
Nacional, porque é um projecto que vem resolver um problema há muito identificado, a necessidade de aumentar a capacidade do Aeroporto Internacional de Lisboa Humberto Delgado, e de tornar o Montijo parte integrante deste grande projecto nacional.
Não posso ainda deixar de salientar a forma como a Câmara Municipal de Montijo, e em particular o seu Presidente Nuno Canta tem, não só defendido este projecto, como envidou todos os esforços para que se tornasse possível, não tendo em conta apenas o interesse do Montijo, mas alargando esse interesse a toda a Região, ao contrário de outros autarcas que, desde a primeira hora, se opuseram ao aeroporto no Montijo, não defendendo os interesses das suas populações, teimando no projeto do Campo de Tiro de Alcochete que, como todos sabem, atualmente não tem qualquer viabilidade.
Com o Novo Aeroporto iniciamos uma nova fase de desenvolvimento, uma fase que permitirá levar o Montijo para um futuro com mais crescimento económico, maior dimensão social, maior afirmação metropolitana e regional.
Como Montijense sinto um grande orgulho neste novo desafio, acredito que este projecto honra o nosso passado, afirma o nosso presente e aposta, decisivamente, no nosso futuro.