Os professores avançaram para greve desde o passado dia 18 de Junho. As exigências prendem-se com o tempo em que a carreira dos professores esteve congelada e cuja compensação os sindicatos exigem na íntegra, ou seja, 9 anos, 4 meses e dois dias. O Governo não aceita recompensar os professores na totalidade e são os alunos que têm sido os mais prejudicados neste braço-de-ferro entre professores e Governo.
As notas são publicadas após os conselhos de turma e basta um professor faltar à reunião de avaliação para que esse conselho não se realize. A ausência de um professor representa um efeito multiplicador no impacto e nas consequências sobre todos os alunos desse grupo uma vez que ficam sem conhecer as suas notas.
De acordo com as últimas notícias, 23% dos cerca de 160 mil alunos inscritos para os exames do secundário foram a estas provas sem terem notas atribuídas pelos seus professores. No 9º ano esta situação acontece com 25% dos alunos. Em números absolutos falamos de mais de 60 mil estudantes que desconhecem as suas avaliações.
A situação mais grave é a dos alunos do 12º ano que jogam o seu futuro académico nos exames deste ano. Muito se especulou sobre o estatuto dos alunos cujas notas ainda não foram lançadas.
O Ministério da Educação clarificou todo este imbróglio mas de forma tardia, já depois de muitos alunos terem realizado exames. As notícias indicavam que todos os alunos que não sabiam as suas avaliações iriam a exame com o estatuto de estudantes externos ou autopropostos, isto é, a nota do exame valerá 100% em vez de 30% como acontece com os alunos internos cujas notas sejam positivas no decorrer da avaliação contínua da disciplina.
O Ministério da Educação colocou um ponto final na especulação e garantiu que a greve dos professores não irá prejudicar os alunos com estatuto condicionado por desconhecerem as suas notas. Quando as pautas forem afixadas os alunos saberão se a nota de exame valerá 100%, no caso de terem negativa na avaliação contínua, ou 30% no caso de passarem à disciplina.
Os alunos não mereciam passar por esta pressão extra de desconhecerem o seu estatuto antes da realização das provas mais importantes das suas vidas académicas. Muitos dos estudantes jogam o seu futuro académica agora e a indefinição desta situação colocou-os numa posição ainda mais frágil.
O direito à greve é constitucional e os professores procuram reivindicar aquilo que acreditam mas não nos podemos esquecer que os alunos não são um meio para os professores atingirem um fim!
Apelo a que os professores e o Governo possam chegar a um entendimento de forma a que os alunos não se sintam prejudicados e consigam alcançar os resultados desejados, numa das fases mais importantes das suas vidas académicas.