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Estamos todos os dias em Páscoa

Estamos todos os dias em Páscoa

Estamos todos os dias em Páscoa

, Médico
23 Março 2022, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Mas que loucura é esta de dizer que estamos todos os dias em Páscoa? Estará o autor desta coluna de opinião com senilidade grave? Pensarão!

Dizer que estamos em Páscoa quando vemos de manhã à noite a destruição impiedosa das cidades da Ucrânia e quando vemos milhões de mulheres e crianças abandonando precipitadamente essas cidades arruinadas e, portanto, fugindo à morte, poderá alguém dizer que estamos todos em Páscoa?

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Na realidade, para os que se dizem cristãos, estamos num período que se chama Quaresma, isto é, num caminho para a Páscoa! Na verdade, para os que se dizem cristãos, a Quaresma é um período em que nos devemos preparar, olhando para dentro e fazendo a nossa autocrítica.

É altura de fazermos propósitos de sermos melhores para celebrarmos a vitória da vida sobre a morte, espelhada na ressurreição de um tal de Jesus, que viveu sempre amando e fazendo o bem, tendo, por isso, sido morto pelas autoridades da sua época – há mais de dois mil anos!

Quero, ao lembrar que caminhamos para esse dia de Páscoa, que vivemos na esperança de que será possível vencer o mal e construir um mundo melhor. É no meio deste ambiente de tragédia que se vive na Ucrânia, é nesta constante visão de morte e destruição, de sofrimento e choro, que nos vemos igualmente envolvidos numa onda de solidariedade e de ajuda nunca visto entre nós, em Portugal e praticamente em todo o mundo!

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É esta parte boa do ser humano, posta assim a descoberto, que nos dá a esperança de que um mundo de solidariedade e de vivência quotidiana da amizade e do amor ainda é possível, apesar dos efeitos deletérios da pandemia e das imprevisíveis consequências da guerra que destrói uma nação e um povo que apenas quis viver a liberdade e a democracia contra a prepotência de um tal Putin!

Por isso, estando a viver essa espera, sentindo esse lado bom dos homens, no meio de uma sociedade corrupta, egoísta e individualista, no meio de uma tragédia de guerra e no medo de uma catástrofe atómica, eu atrevo-me a dizer que estamos todos a viver em Páscoa, isto é, que todos estamos (ou podemos estar) a viver a esperança de que a vida pode vencer a morte – e isso é Páscoa!

Mas para que tal seja possível, é necessário que cada um de nós veja e ouça outras realidades como os palestinianos permanentemente espoliados de uma vida própria pelos israelitas, ou como os milhares de refugiados nos verdadeiros campos de concentração de Lesbos na Grécia, ou as multidões que em muitos lugares deste mundo ainda morrem de fome, ou mesmo que ouçamos e vejamos os pobres do nosso país ou mesmo ao nosso lado!

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É necessário que após este verdadeiro surto pandémico de solidariedade se veja desde já como poderemos dar vida digna aos refugiados da Ucrânia, como poderão ser integrados nas nossas sociedades e especialmente como se vai reconstruir aquela nação para que estes milhões de mulheres e crianças possam voltar ao seu País.

Tem de se ver como todo o Ocidente se vai mobilizar para tal reconstrução (como após a última grande guerra houve um Plano Marshall), como se vão entender as grandes potências num novo equilíbrio, como se põe em prática uma nova sociedade que não seja como a actual, “que mata” como diz o Papa Francisco.

E tudo o que há a fazer de novo, a organizar de novo, a modificar radicalmente é uma verdadeira Quaresma, que exige que nos transformemos em homens novos e que para todos seja Páscoa todos os dias!

Mas para tudo isto é necessário que haja paz entre a Ucrânia e a Rússia, de Putin! É necessário que as armas se calem sem ninguém “perder a face”!

E, na verdade, é necessário ter muita Fé e Esperança para que tudo isto não seja mesmo uma utopia, um devaneio de um nonagenário que mantém a certeza da vitória do amor entre os homens!

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