28 Junho 2024, Sexta-feira

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Assumemos o nosso passado!

Assumemos o nosso passado!

Assumemos o nosso passado!

, Médico
19 Outubro 2022, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Os nossos tempos caracterizam-se por várias coordenadas que nos envolvem como uma teia de aranha de fios grossos numa verdadeira “camisa de forças”. A maior parte de nós vive apenas o seu dia a dia, inclusivamente sem ter mesmo grandes projetos de futuro – viver o dia a dia é já um esforço para muita gente que intimamente aspira apenas a ter o suficiente para “uma vidinha boa”, movido por um egoísmo estrutural, um desejo de prazer e um bem estar apenas alargado à família (e ás vezes nem isso!).
Para a maioria não há outros – e se os há eliminam-se! Não estou exagerando pois as notícias nos dão conta da perseguição aqui e ali de certas minorias étnicas, maltratadas, perseguidas e até eliminadas : assim ouvimos há dias que está acontecendo com uma minoria muçulmana na China. Assim sabemos há muito as perseguições dos curdos pela Turquia, pelo Iraque e pela Síria (os curdos são mesmo rotulados de terroristas trazendo problemas a quem os acolhe como lemos e ouvimos recentemente entre a Turquia e alguns países nórdicos. E não esqueçamos a tremenda tragédia dos refugiados que ninguém quer receber: e os milhares que fogem à fome e à guerra de muitos passe de África, ficando milhares no cemitério do mar Mediterrâneo ou sendo devolvido à sua procedência como fazem os americanos aos milhares que fogem da miséria dos países da América central ou como têm feitos os ingleses levando- os de avião para um determinado país em troca certamente de “ajudas económicas” (ou armas).Também o que aconteceu com os refugiados da guerra da Ucrânia, outros interesses se podem tirar dessa guerra, para o Ocidente! Estou falando nas políticas “em grande” e não dos impulsos nobres que apareceram por iniciativa das populações. Uma vez disseram ao nosso Nobel Saramago que a sua escrita era pessimista, ele respondeu que era apenas realista! Assim se passa agora comigo ao escrever este artigo. Mas ouve-se falar a toda a hora que o mundo vai mal , e é verdade que vai péssimo, mas que assistimos a uma indiferença e a uma ausência duma reação no geral das populações, em especial da população jovem E nesta atual conjuntura exigia-se, não conformismo e passividade, mas solidariedade e ação…e ação forte, coesa e organizada! Mas afinal o que se passa? A maioria das nossas gentes não viveram um passado “horribilis” e não só viveram circunstâncias idênticas às atuais como não se interessam há muito pelo seu estudo – hoje vive-se o presente e como se não tem qualquer experiência do que é viver sem esperança, e como se não tem qualquer reação ao mal por estarmos envolvidos na tal teia de aranha que foi tecida pelo egoísmo, pela ânsia de poder, pela sedução do ter, incutido por esta sociedade de consumo e de um mercantilismo especulativo enorme, e pelo total domínio do capital sobre o político. E aí estamos mesmo no olho dum furacão destruidor com guerras, com uma economia “que mata”, como diz Francisco, com uma passividade e um viver sem direção e sem um propósito que pense sequer no “bem comum”, que ouça os gritos dos pobres e dos excluídos e…nem sequer os gritos da “Mãe Terra”. É necessário assumir o nosso passado para compreendermos a gravidade do nosso presente! Mas para tal é necessário estudar, investir na cultura não apenas na economia e…no ter!

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