Poucos leitores o saberão mas Portugal tem um Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT); a Europa manda e nós temos. O ordenamento do território é fazer as coisas certas no sítio certo considerando os recursos e as vocações de cada lugar. Comparando com a casa de uma família, cada sala (lugar) tem a sua organização face à sua função. O ordenamento do território visa a riqueza e o bem-estar da população. Já alguém deu por isto em Portugal? Não. É por esta mesma razão que ninguém deu pelo importante PNPOT. Na verdade, este importante instrumento de gestão do nosso espaço e recursos existe desde 2007 e está presentemente em fase de revisão/ atualização. Apenas serve para isso mesmo, rever e atualizar, isto é, para entreter funcionários altamente competentes. Infelizmente tenho razão, se assim não fosse a dimensão catastrófica dos fogos de 2017 não teria acontecido e Setúbal, como todo o país, não teria bairros inteiros construídos em leitos de cheia de linhas de água. Imagine se agora começasse a cozinhar no quarto e a dormir na cozinha, mais ou menos é assim que se gere o território em Portugal. Existindo um PNOPT faz sentido o Governo criar uma Unidade de Missão para o Interior, um Programa Nacional para a Coesão Territorial e um conjunto de imensos outros instrumentos que se sobrepõem e anulam? O PNPOT 2018 – 2030, que está agora em cima da mesa, antes de ir para a gaveta até à próxima revisão, é uma excelente ferramenta que só por si, mesmo que apenas parcialmente implementado, iria tornar Portugal num país mais rico, próspero e harmonioso. É tão fácil, porque não o fazemos? A resposta a esta pergunta é bem simples mas fica pa- ra uma próxima oportunidade: o Portugal pobre mas contente.