Nasci alentejano, fui criado lisboeta, hoje, montijense por morada, português de nacionalidade e europeu por situação geográfica e opção social, estratégica e económica do meu país. Cidadão, trabalhador, contribuinte e democraticamente livre. Politicamente, por ideal posso ser o que eu quiser! E de todos estes itens, presentes ou não no meu cartão de cidadão, eu sinto orgulho. E posso! De cabeça erguida e sem medo, assumi-lo e dize-lo, e agradece-lo reconhecidamente a todos aqueles que á quarenta e sete anos, numa madrugada de esperança e “depois do adeus”, o conquistaram para mim.
Ao passar mais um aniversario, do dia em que tudo mudou e o confirma, mais umas eleições livres que se aproximam, sinto o meu pais preocupado, com o regresso do que venceu e julgava ter deixado para trás. E de tal modo, que esquecendo que os símbolos e monumentos construídos em seu tempo, não pertencem a regime algum, mas apenas á história, houve quem os quisesse destruir. Sem ver neles o verdadeiro sentido: o de contar ás gentes de hoje e ás de amanhã, não quem e o que foram, mas o que vencemos. Contando neles o que não queremos que se repita, como fazemos com nossos filhos e netos, mostrando-lhes aquela cicatriz no joelho, que, esquecidos já o hospital e o gesso, nos lembra e ajuda a poupa-los a não repetir, aquela vez de bicicleta em que quisemos ser mais rápidos do que a experiência que tínhamos. E sejamos coerentes! Como veríamos nós se a Alemanha, por exemplo, quisesse limpar da historia, porque dele se arrepende, o Holocausto, vetando ao esquecimento os milhões que nele sacrificaram. Ou bomba americana de Hiroxima!?
É que a bem da verdade, todos, muito teríamos nesta ordem de ideias a esquecer e em consequência, muitos erros a repetir. E entende-se até que algum discurso saudosista, nos cative um descontentamento a que uma Democracia imperfeita nos possa levar. Principalmente quando não entendemos, que aqueles que a dizem defender e nela, lutar hoje contra a corrupção, amanhã se defendam superiores, excluindo-se de uma lei que dizem criar para a combater. Mas, só o perfeito não evolui, e cabe-nos a desperta reflexão, e nela com o protesto, o uso responsável da Liberdade conquistada. Aproveitando este tempo entre o aniversário da conquista e as eleições livres que a mantêm, perguntar e resposta exigir, a quem interessa tornar grandes, estes “pequenos” políticos, que tal como outros que no tempo temos deixado passar, nada mais do que procuram, por achar que lhes chegou a vez, o seu lugar ao Sol. É que, minha gente, aqueles que por detrás da cortina neles investem agora, são os que no futuro á nossa custa cobrarão os lucros. Com discurso vazio, apontando erros e não soluções, lembram aqueles desempregados, não por circunstância, mas vocação, que de perna dobrada na porta do café, criticam os que trabalham, mas nada fazem. Querendo apenas, pela nossa mão na casa do poder entrar, nem seja como no caso, pela política porta dos fundos!