Assinalou-se esta semana mais uma vez a semana europeia da mobilidade, aproveitando assim esta oportunidade para mais uma vez podermos reflectir sobre a mobilidade nas nossas cidades. Este tema central tem vindo a ganhar importância, não só pelo forte impacto que tem no quotidiano de todos nas suas deslocações para o trabalho bem como na sua qualidade de vida, mas principalmente por ser fundamental para a redução das emissões de carbono, que são as grandes responsáveis pelas alterações climáticas que assistimos.
A principal acção para se conseguir melhorias será sem dúvida a redução do uso do transporte individual, mas para que quem usa o seu automóvel para se deslocar diariamente para o seu local de trabalho o troque por outro meio de transporte, este tem de ir ao encontro das necessidades do utilizador, quer em condições de segurança, conforto, frequência e tempo de deslocação.
Não nos iludamos, ninguém irá trocar o seu automóvel se a alternativa for um transporte público que demore o dobro do tempo para realizar o percurso e que necessite de uma grande quantidade de transbordos com atrasos e esperas à mistura.
O concurso público que se fez no âmbito da área Metropolitana de Lisboa veio permitir dar um grande passo nesse sentido, em especial no concelho de Almada, alargando a rede a mais locais do concelho permitindo assim servir mais utentes, bem como aumentado a frequência das carreiras reduzindo drasticamente os tempos de espera quer seja em deslocações principais ou em transbordos.
O aumento da frequência e do número de carreiras vem no entanto trazer novos desafios, indo naturalmente colocar mais autocarros a circular. Terão então de se repensar as cidades de modo a que se consiga encontrar soluções que permitam um eficaz escoamento do trânsito.
Soluções que dificultem a circulação dos automóveis, como dissuasor de uso do transporte individual, não só não são eficazes, como acabam por ter o efeito de afastar mais utentes dos transportes públicos, pois como os transportes públicos também circulam nas estradas, aumentando o tempo de viagem aos automóveis aumentar-se-á naturalmente o tempo dos transportes públicos.
No dia europeu sem carros, não podemos promover o automóvel a inimigo público número um, os automóveis existem e fazem parte da nossa realidade e seguramente irão continuar a fazer. Temos sim que reduzir o seu impacto no meio ambiente adoptando automóveis movidos a energias renováveis e encontrar motivos que nos façam o deixar estacionado perto de casa e usar os transportes públicos. Ler um livro enquanto viajamos de transporte público é um excelente motivo,