A guerra na Ucrânia (1.ª parte)

A guerra na Ucrânia (1.ª parte)

A guerra na Ucrânia (1.ª parte)

, Professor
7 Março 2022, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Com o fim de 2.ª Guerra Mundial e com o equilíbrio de forças provocado pela Guerra Fria, poderíamos pensar que a Europa tinha aprendido com os erros do passado e evitaria a todo o custo o ressurgimento de outros quaisquer conflitos armados.

A Guerra nos Balcãs, ocorrida nos anos 90 e todas as atrocidades subsequentes, vieram mostrar-nos, de forma amarga, que a Europa não se encontra livre da guerra.

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Vamos previamente clarificar uma questão que considero importante; entre as democracias ocidentais e as ditaduras de índole comunista ou fascista, a minha simpatia pessoal vai inteiramente para o primeiro grupo.

Contudo, tal não me impede de procurar analisar os assuntos de forma séria, isenta e responsável.

Temos de procurar esquadrinhar os vários ângulos da perspectiva e não só aquele que nos dá circunstancialmente mais jeito.

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Com a crise dos mísseis em Cuba, ocorrida em 1962, os Estados Unidos e a União Soviética estiveram na iminência de um conflito mundial.

A administração americana, presidida por John Kennedy, entendia, com alguma razão, que a colocação de mísseis em solo cubano iria comprometer a segurança americana. O líder soviético Nikita Khrushchev (curiosamente ucraniano de nascença), haveria de ceder, o que contribuiu decisivamente para a sua destituição, em 1964.

Com o desmembramento da União Soviética, ocorrido em 1991, muitos países que pertenciam ao antigo bloco militar de Leste, o Pacto de Varsóvia, muito justamente fartos de 70 anos de comunismo, da ditadura e da eterna penúria, aproveitaram a ocasião de viraram-se para Oeste, para a União Europeia e para a NATO.

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E assim, entre 1999 e 2017, a NATO incorporou vários países da Europa central e de leste, a seu pedido expresso: Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Montenegro, Polónia, República Checa e Roménia, aproximando-se das fronteiras russas.

Muito embora saibamos que os países que compõem a NATO dificilmente enveredariam por acções militares directas e em primeira mão contra a Rússia, não podemos negligenciar o facto de estes encararem com bastante reserva a aproximação desta estrutura militar próximo das suas fronteiras, tal como tinha acontecido anteriormente com os americanos e os mísseis cubanos.

Portanto, Vladimir Putin e a Rússia têm também alguma razão.

O problema é outro. Putin é um ditador e não um democrata. E isso complica tudo.

Desde 1999, Putin detém o poder na Rússia, tendo aprovado legislação que lhe permite manter-se como presidente da Rússia até 2036.

Em 2008 invadiu e anexou a Ossétia do Sul e a Abecásia, retirando-a à Geórgia; em 2014 fez o mesmo à Crimeia, retirando-a à Ucrânia.

Segundo fontes perfeitamente credíveis, existem fortes suspeitas que possa ter vindo a eliminar (leia-se assassinar), progressivamente os seus opositores e críticos, a saber: Alecsander Litvinenko, Alecsander Perepilichny, Ana Politkovskaya, Andrei Karlov, Andrei Malanin, Boris Berezovsky, Boris Nemtsov, Mikhail Lesin, Petr Polchicov, Vitaly Churkin.

O próprio Alexei Navalny, que já tinha sofrido uma tentativa de assassínio, e que se encontra actualmente preso afirmou que “a guerra com a Ucrânia foi desencadeada para encobrir o roubo dos cidadãos russos e desviar as suas atenções dos problemas internos do país, da degradação da sua economia. Esta guerra vai causar um vasto número de vítimas e continuar a empobrecer o povo russo”.

Navalny, que está a cumprir uma pena de prisão que pode vir a ser aumentada para 15 anos, já tinha criticado Putin, um dia depois do líder russo ter reconhecido a independência das repúblicas separatistas de Donetsk e de Lugansk.

Continuamos para a semana.

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