A grande crise sobre a nossa cabeça

A grande crise sobre a nossa cabeça

A grande crise sobre a nossa cabeça

, Médico
10 Maio 2023, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

As nossas televisões – todos os canais sem excepção – anunciavam fugidiamente a coroação do novo rei da Grã-Bretanha, durante o último fim de semana, mas enchiam os seis telejornais, salvaguardando os tempos para os anúncios de que vivem, com a grande crise que nos ameaçava a todos. Não! Não era a guerra da Ucrânia que tomava maiores proporções com a ameaça da grande ofensiva dos ucranianos ou a desistência do grupo Wagner ou mesmo com a possibilidade dos russos atacarem com violência no seu “dia da Vitória” (como se fossem só eles os vencedores do delírio nazista).
Não! Não eram as notícias (aliás débeis) sobre o desastre ecológico que os peritos e as juventudes gritam perante o, que se diz ser já dificilmente recuperável, desastre ecológico que fará do nosso mundo um lugar inabitável. Mesmo perante calores fora da época, cheias arrasadoras e súbitas, furacões que deixam um rastro de destruição com tudo ”em migas”. Mesmo com as enormes camadas dos gelos polares deslocando-se, milímetro a milímetro, para os oceanos mais quentes.
Não! Não por as relações entre as grandes potências – a América do Norte, a China e, claro. – a Rússia do Sr. Putin -, que querem mandar no mundo, seja militarmente, seja economicamente e que para tal objectivo nos mantêm a todos sob ameaças de uma guerra total. E com ameaças de destruições atómicas, que se têm agravado.
Não! Não estou pensando na tremenda crise das multidões de fugitivos da Africa Sub-saariana com secas tremendas, governos inoperacionais, com os seus países em guerras permanentes entre fações ao serviço da Europa rica que verdadeiramente os explora pelas suas riquezas em matérias e minerais preciosos para as modernas tecnologias. Ou as ondas de fugitivos dos países pobres e desgovernados igualmente, das Américas do Sul e Central fugindo em imensas filas a caminho do que julgam ser o “El dourado” dos “States” – que os não recebe e os reenvia à procedência.
Não! A grande tragédia que encheu os nossos noticiários durante o tal fim-de-semana foi se o Galamba era demitido, como queria o nosso Presidente e o nosso primeiro-ministro defendeu com “unhas e dentes”, mesmo depois do Galamba ter pedido a demissão. O que mobilizou dezenas e dezenas de comentadores mais ou menos credenciados era o despudor do Costa em desfeitear o Marcelo. O que foi quase tema de apostas era se o nosso Presidente usava a sua “bomba atómica” – fazendo cair o Governo.
O que “aterrorizava” os falantes nas televisões era o facto de até ter entrado em acção o SIS – a polícia secreta! E era a história rocambolesca das “meninas” fechadas na casa de banho, eram os vidros partidos, as chamadas para a polícia – estaria em início uma revolução?
Confessemos que estes acontecimentos punham as guerras da Ucrânia ou mesmo uma “guerra mundial” num “chinelo” para os nossos repórteres. Que interesse tinham os afogados no Mediterrâneo? E tudo parecia uma viagem de finalistas a Torre de Molinos de meia-dúzia de gaiatos irresponsáveis. O que pensam da opinião pública? Que somos todos preocupados com tricas de vizinhos? Francamente! Deixem o nosso Presidente comer o seu geladinho e tratem de assuntos realmente graves. E ao povo o que lhe interessa é o “dinheirinho” que tem no bolso para comer e pagar a renda da casa.10

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