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A Festa do “Avante!”

A Festa do “Avante!”

A Festa do “Avante!”

2 Setembro 2020, Quarta-feira
Bruno Dias

Mas então afinal de contas existiu ou não um regime de exceção para a Festa do “Avante!”? Vamos lá então aos factos.

A Festa do “Avante!” é o único evento do país para o qual nada menos que o Presidente da República exigiu a divulgação antecipada de um parecer técnico da Direção Geral da Saúde. Vai daí, o parecer técnico da Direção Geral de Saúde (ao contrário do que aconteceu com todos os outros eventos) foi mesmo divulgado, com a concordância dos proponentes. Mas mais do que isso: ao contrário do que aconteceu com os outros eventos, o plano de contingência aprovado foi publicado na íntegra – e pode ser consultado na página da Festa na Internet.

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Um concerto realizado a 1 de junho, na sala fechada de 1.250 m2 do Campo Pequeno, foi autorizado para 2.000 pessoas (lá estiveram o Presidente da República e o Primeiro-Ministro). Uma prova de automobilismo no Algarve prevê 46 mil pessoas no mês que vem. Mas o que foi dito e publicado e decretado sobre a Festa do “Avante!” não tem paralelo.

Se houve um regime de exceção para a Festa do “Avante!”, esse regime foi de discriminação negativa. A razão nada tem a ver com saúde pública. A razão é muito simples e está à vista de todos, no ponto mais alto da Quinta da Atalaia: é a bandeira vermelha com a foice e o martelo.

O visitante ao entrar no recinto desta Festa vai ter condições de segurança contra a epidemia que não encontrará em nenhum (repito, nenhum) outro evento, e a própria construção está a incorporar esses cuidados. As medidas sanitárias aplicadas não têm simplesmente comparação.

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Pela primeira vez na história da Festa, vamos ter muitos camaradas com uma tarefa que há um ano não imaginávamos: assistente de plateia, presente no terreno apenas e só para assegurar que as regras de segurança, distanciamento, etc., são cumpridas pelos visitantes. Dá para apostar que muitas pessoas ligadas à organização de eventos, concertos, festivais, etc., este ano vão à Festa do “Avante!” tirar muitos apontamentos…
O que está a acontecer não é “uma polémica” – é uma guerra mediática. Para quem se lembra, as únicas situações que podem ser minimamente comparáveis a este fogo cerrado foram – adivinhem: o 25 de Abril e (ainda mais) o Primeiro de Maio. E, no fundo, com as mesmas motivações e as mesmas munições.

Não é possível ignorar as evidências: este ataque sem precedentes à Festa do “Avante!” é um ataque à liberdade e à esperança porque é um ataque à insubmissão e ao inconformismo. É uma tentativa de “safanão em tempo” como dizia o outro, a quem se recusa a comer e calar e a quem não admite que se use o vírus como arma de assalto.
Por isso, mais do que nunca, e de uma forma nunca antes vista, este ano estar na Festa do “Avante!” é um ato de coragem, de resistência, de dignidade. É não pactuar com a chantagem e o discurso do medo e do ódio. É erguer a bandeira da esperança e dizer que isto não há de ser assim. Estaremos lado a lado pela vida e pelo futuro. Não nos vamos poder abraçar na Atalaia este ano. Mas lutamos hoje para que possamos no futuro, em segurança, voltar a ter esse abraço, voltar a dar as mãos, a cantar ombro com ombro. Como diziam os meus camaradas, Coragem hoje, abraços amanhã.

Boa Festa.

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