Como nos dizem as ciências que desde sempre “empurraram” mil e uma modificações desde a superfície do globo até às maneiras de viver, usando as conquistas da nossa inteligência e – como consequência, século a século, os costumes e as maneiras de viver dos seres humanos. Começámos nas cavernas, vivemos há muito em arranha-céus e hoje muita gente procura a paz dos campos. Começámos à pedrada, passámos pelas flechas e lanças e hoje guerreamos com drones, bombas planadoras e… a força destruidora da energia escondida pela natureza no interior de um átomo, começámos guerreando homem com homem e hoje uma bomba mata centenas de milhar (pelo menos a primeira bomba atómica matou no Japão 300 mil pessoas de uma só vez), começámos a andar a pé, depois a cavalo, de caleche e agora vai-se em minutos milhares de quilómetros num “jato” e até sem (em breve) condutor. Começou-se a comunicar com pombos correios e agora as comunicações são praticamente instantâneas com os progressos eletromagnéticos. E mais exemplos são desnecessários elencar para que compreendamos como o processo evolutivo do mundo e dos homens tem transformado o mundo em que vivemos.
Se por momentos tentarmos visualizar milénio após milénio a nossa superfície terrestre, as cidades, as estradas e os transportes, os utensílios da cozinha e os vários objetos que usamos no nosso dia a dia, ficaremos estupefactos com as mudanças incríveis dos meios em que vamos vivendo e – é inevitável – igualmente as nossas maneiras de viver, os nossos costumes, a maneira de nos vestirmos, os nossos gostos…os nossos sonhos e aspirações.
Não é necessário elencar as mudanças nas artes, nos gostos da literatura, da pintura ou mesmo das leituras ,embora alguns desses costumes e gostos vão ficando pelo caminho para gaudio dos historiadores ou analistas de arte ou literatura – que penso têm futuro duvidoso com os avanças das tecnologias que chegaram à criação da inteligência artificial trazida hoje para os nossos bolsos nesses aparelhinhos diabólicos de que ninguém prescinde (embora a sua segurança começa a ser muito duvidosa e até… perigosa!). Embora seja fácil verificar que o nosso mundo está à beira de um grande abismo de destruição pelo perigo de uma guerra total ou dum “desarranjo” ecológico, quero pôr em destaque os efeitos desta evolução noutros parâmetros – a nossa maneira de ser, de viver, de caminhar para o futuro e até da nossa maneira de sentir ou mesmo de gostar!
Tudo isto vem a propósito das eleições americanas e da vitória retumbante de um Presidente arruaceiro e até mal educado – facto que deveremos ligar à deriva das forças chamadas de direita conquistarem eleitores por toda a Europa.
Se estivermos atentos à frequência das arruaças, dos variados assuntos resolvidos com recurso à violência, se ouvirmos dizer que nas escolas os processos disciplinares dão mostra de estarem a aumentar, é fácil que possa surgir num cérebro pensante que o diálogo e o respeito pelas opiniões dos hipotéticos adversários estejam cada vez a ser pior aceites. Embora um espetáculo de uma sessão da nossa assembleia não tenha muita força para demonstrar uma ideia, não deixa de ser um exemplo a juntar ao processo evolutivo que tentámos pôr em destaque na evolução mundial e, assim poder englobar esta mudança que corrói a democracia e nos encaminha para o polo oposto.
Será que realmente estamos a entrar em nova fase do processo evolutivo? O mundo está mesmo a mudar até às suas raízes? Eu, com os meus quase cem anos custa-me a aceitar que na realidade o que está a mudar é mesmo mais uma fase deste processo evolutivo que vem desde o homem das cavernas a um mundo de um Einstein, e a entrar no mundo de um Elon Musk! Dói-me aceitar isto como certo e inevitável!