No dia 26 de setembro, comemorou-se o Dia Europeu do Ex-Fumador. Na verdade, para um ex-fumador, todos os dias devem ser de reconhecimento e de comemoração.
A condição de ex-fumador implica, também, a manutenção de um estado de alerta permanente, que inclui os profissionais de saúde. Numa consulta com um ex-fumador, os profissionais de saúde não devem encarar o consumo de tabaco como um assunto resolvido. É importante que, em cada consulta, haja lugar a revisitar o tema, mesmo que tenham decorrido muitos anos desde o abandono dos hábitos tabágicos.
Em relação ao processo de cessação tabágica, a individualidade de cada pessoa deve ser considerada e respeitada. No entanto, sabemos que há alguns aspetos transversais a muitos fumadores durante este processo e que, por isso, não devem ser esquecidos. É frequente, sobretudo durante os primeiros meses da cessação tabágica, surgirem irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, alterações do sono e aumento de peso. Estes sintomas tendem a atenuar-se com o tempo, mas pode persistir a “saudade” de fumar. Neste sentido, o estado de alerta pode permitir evitar a recaída ou, caso esta exista, intervir precocemente.
Para muitos fumadores é fundamental o acompanhamento por profissionais de saúde no processo de cessação tabágica. Esse acompanhamento assenta em vários pilares, que são complementares. O tratamento farmacológico, quando indicado, pode facilitar o processo, reduzindo a vontade de fumar ou atenuando os efeitos desagradáveis decorrentes da privação de nicotina.
Apesar de a informação sobre a relação entre o tabaco e o surgimento de várias patologias estar amplamente difundida, não devemos perder qualquer oportunidade de transmitir novamente esta mensagem. O tabaco está associado ao surgimento de doenças respiratórias, como o enfisema e a doença pulmonar obstrutiva crónica. Aumenta, também, a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e de estas surgirem mais precocemente. Em relação à doença oncológica, apesar de a mais divulgada ser o cancro do pulmão, o tabaco está, também, associado a múltiplos outros cancros, nomeadamente da faringe, esófago, bexiga e colo do útero.
É, igualmente, importante não esquecer as novas formas de fumar, como o tabaco aquecido e o cigarro eletrónico. Os fumadores de tabaco convencional que pretendem deixar de fumar são um grupo particularmente suscetível. Vêm no tabaco aquecido ou no cigarro eletrónico um passo intermédio para conseguir deixar de fumar. Esta problemática merece a nossa crescente atenção.
E, porque o reforço positivo é de extrema importância, nunca é demais repetir que, para um ex-fumador, todos os dias são o seu dia.