29 Setembro 2023, Sexta-feira
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Assédio versus, outra coisa…

Pergunto-me, nesta minha simples forma de querer ver o mundo e a sociedade, como abordar este tema sem ser mal interpretado. É que longe de fácil, pode mesmo ser assustador e a prova-lo, o facto de poucos ou nenhum eu ter até agora visto arriscar. E como o politicamente correto, não sei usar, pensei então fazê-lo ao jeito de quem brinca com assunto sério e de imenso respeito.

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Já faz uns bons anos, não sei precisar quantos, passava na TV um anúncio publicitário em que, acompanhando o rebelde gesto, hoje quase criminoso, mas na época visto como bonito, gentil e cavalheiresco, de um jovem homem que roubando num jardim uma flor, sobre uma linda mulher se precipita oferecendo-lha, uma frase perguntava: “-E se de repente um desconhecido lhe oferecesse uma flor…?”. De um sabonete se tratava, se o recordo bem, bonito era o sorriso, a resposta. Ora: -Polícia! Socorro, – talvez fosse a de hoje, “…sou vítima de assédio!”.

Casado com uma linda mulher, feliz e realizado conjugalmente e reformado faz décadas desse mercado, e ela própria no passado, múltiplas vezes vítima de assédio sexual. Só posso imaginar o difícil que terá que ser nos dias que correm a alguém, ao galantear outro alguém que lhe interesse e atraia, localizar a fronteira em que passa a abusivo, dizer respeitosamente a uma pessoa que antes de sair de casa tudo fez para estar bonita, que o conseguiu. E quando é que essa pessoa deixou de gostar de o ouvir? Foi talvez no dia, em que ceder o lugar a uma “dama”, no meu caso, passou a preconceito, ou descriminação. E é-o, reconheço que sim, pois educado a vê-lo como correto, gentileza e cavalheirismo, a não ser que algum motivo físico o justificasse, não o cederia ao “marmanjo”, em pé também, ao lado dela.

E fui com isto buscando ganhar coragem, para tocar do tema o outro lado. Aquele de que não se fala, mas que existe e é de certo modo, seu cúmplice. E não desculpando! Nunca desculpando, “porco chauvinista algum”. Vista ele batina ou não, colecionador de doutoramentos e supra importante, famoso, influente ou poderoso, ou não passe de reles sabujo. Que use qualquer tipo de superioridade hierárquica, económica, de poder, chantagem, medo ou força física, para o praticar, temos o outro lado, que perante eles, o seu, pretendem que legitime.

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Temos o lado que sabe o que faz, quando desaperta o terceiro botão da camisa, ou da saia, antes de entrar no gabinete para pedir para sair mais cedo. E sabe usar o ginásio e a t`shirt apertadinha revelando os abdominais, para garantir a jeito a tarde de sexta feira, já que a chefia de meia idade não lhe sabe dizer não e gosta do que vê. Um lado que sabe haver várias maneiras de chegar lá acima e vê, no degrau a degrau trabalhoso da escada da vida, método lento. Procurando na horizontal a ascensão vertical, quando ela pede o mérito que a universidade não lhe deu, mas lho garante os dotes que Deus, a natureza e os paizinhos numa noite de verão, lhe ofereceram. (aprimoraram)

Saber encaixar; manter a distância e garantir o respeito e se necessário, dar um salto ao w/c para fantasiar ou tomar duche frio, cabe ao outro lado e nada o desculpa. Mas para justos sermos, o justo temos que reconhecer. E se de um lado temos o crime, do outro, de muitas caras, formas e nomes, teremos outra coisa, talvez… a mais velha profissão do mundo.

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António Guerreiro
Autor literário
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