7 Maio 2024, Terça-feira
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Com Abril nasceu a democracia

“Foram dias, foram anos A esperar um só dia Alegrias, desenganos Foi o tempo que doía Com os seus riscos e os seus danos Foi a noite, foi o dia Na esperança de um só dia”

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Eis que o mais ansiado e sonhado dia, poeticamente descrito nestes versos de Manuel Alegre, chegou finalmente no raiar do dia 25 de Abril de 1974, ao som da intemporal “Grândola, Vila Morena”, eternizado como “A Revolução dos Cravos”, que instaurou o regime democrático, livre e plural, pondo fim às quase cinco décadas de ditadura fascista que ensombraram a história da nossa República. Abril deu-nos a liberdade de escolher.

Abril trouxe-nos o direito de representarmos e de nos fazermos representar. Com Abril nasceu a democracia. Muito mais do que uma data histórica, o 25 de Abril é, hoje e sempre, a celebração dos valores da Liberdade e da Democracia como factores da nossa emancipação política, económica, social e cultural, enquanto povo e enquanto nação.

Com Abril afirmamo-nos e fazemo-nos senhores do nosso próprio destino. Abril são as inalienáveis conquistas como o Serviço Nacional de Saúde, o Ensino Público e Universal, o Estado Social Público, o Poder Local Democrático, o sufrágio livre e universal, o Salário Mínimo Nacional, a plena cidadania das mulheres, entre tantas outras inabaláveis conquistas.

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Abril é olharmos para o futuro e preocupamo-nos com os perigos que assombram a democracia e a liberdade, que para muitos povos e nações são, ainda, como um sonho distante e constantemente adiado, e que mesmo para aqueles como nós, que respiram liberdade e democracia, jamais as podem considerar como um dado adquirido, nem deixar de a afirmar e de lutar sempre pela sua suprema prevalência.

Abril é a capacidade de recrearmos a liberdade à luz do nosso tempo e da sua substância, em nome de uma sociedade universal liberta, não só do estigma do medo, da ignorância, da pobreza e da dinâmica do imediato e do provisório, mas também do preconceito, do ódio, da intolerância, da falta de solidariedade, e que não se deixe, jamais, manietar pelo oportunismo populista dos nacionalismos isolacionistas, mas, pelo contrário, que seja centrado e tenha na dignidade e na condição da pessoa humana o alfa e o ómega da sua razão de ser. Que saibamos construir pontes em vez de edificarmos muros.

Abril é também um desafio que se afigura árduo, sobretudo pela natureza trágica e dramática dos fenómenos e acontecimentos que, cada vez mais, assolam o nosso quotidiano e pela escala e dimensão globais do seu impacto, que põem à prova a resiliência das nossas instituições democráticas e limitam a capacidade de resposta e a eficácia das políticas nacionais.

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Porém, a dificuldade do desafio em nada nos deve atemorizar, mas antes agigantar-nos na resistência e na luta, com a mesma coragem, convicção e determinação com que os protagonistas de Abril forjaram um novo horizonte colectivo de esperança, livre e democrático.

Solenizar, evocar e eternizar o 25 de Abril é, portanto, honrar hoje, amanhã e sempre, em Portugal, na Lusofonia, na Europa e no Mundo, a nossa história, a nossa memória e a nossa identidade colectiva.

Abril somos nós!

Viva o 25 de Abril!

Viva Setúbal!

Viva Portugal!

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