20 Abril 2024, Sábado
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Há séculos que a igreja católica é muito pouco cristã

Jesus Cristo pregou o amor, a solidariedade e a igualdade entre os homens. Portanto, pregou uma mensagem revolucionária. Por isso, foi julgado e condenado. Mas como “não há machado que corte a raiz ao pensamento”, teve seguidores que apesar de perseguidos e massacrados, a sua mensagem alastrou a todo o Império Romano.
Foi então que nasceu o ditado: se vês que não consegues vencer o teu inimigo, junta-te a ele.
Assim, o imperador Constantino, o Grande, quase três séculos dc, mais precisamente, no ano 312. “Converteu-se” ao cristianismo e o seu sucessor, Teodósio, reconheceu-o como religião oficial do Império. A Igreja Católica Apostólica passou também a designar-se por Romana, a mensagem de Cristo foi deturpada e colocada ao serviço dos ricos e poderosos, até hoje.
Embora sempre houvesse verdadeiros cristãos. Muitos, tal como os primeiros, pagaram também, até com a vida, por isso. Missionários nos confins do mundo, como o nosso Padre António Vieira, os homens da Teologia da Libertação na América Latina, Frei Bento Domingues e tantos outros onde se inclui o atual Papa Francisco.
Mas a grande parte da alta hierarquia da Igreja, essa sempre foi um travão à ciência, ao desenvolvimento e à justiça social. E depois, foi responsável pelas páginas mais negras da história da humanidade. As Cruzadas e a Inquisição com o seu tenebroso Tribunal do Santo Ofício, foram séculos de terror que a Igreja Católica Apostólica Romana, impôs aos povos, matando e torturando, infringindo o que Cristo pregou. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, “Não matarás”.
Até que chegámos aos dias de hoje, e a Igreja sempre ao lado de déspotas; Mussolini, Salazar, Franco, Pinochet. E depois, até agora, esta vergonha, este crime hediondo, o abuso reiterado de crianças, a pedofilia. E a tentativa de encobrimento, pela mesma tal alta hierarquia.
Mesmo perante a consternação, repulsa e condenação geral, e os resultados da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, o presidente da Conferência Episcopal e o Cardeal-Patriarca de Lisboa, ainda se mantiveram titubeantes, dizendo que em relação à lista dos cem sacerdotes apontados por testemunhos de vítimas e que até eram conhecidos nas Comissões Diocesanas, como suspeitos, em suspendê-los preventivamente das suas atividades religiosas e em contacto com crianças.
Finalmente, os arcebispos de Évora, Angra do Heroísmo e Braga, suspenderam padres suspeitos, a Assembleia da Republica decidiu por unanimidade, ouvir os porta-vozes da Comissão Independente e das Comissões Diocesanas e Marcelo na entrevista à RTP, também criticou o comportamento das altas instâncias da Igreja.
O desfecho deste abominável assunto, só deve ser o da Justiça julgar e condenar os que provar serem culpado. Uma conclusão já se pode tirar: tais crimes jamais deverão repetir-se.
Tal como expulsou os vendilhões do templo, se Cristo ressuscitasse, voltava a expulsar esta gente que evoca e mancha o seu nome.

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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