26 Abril 2024, Sexta-feira
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PENSAR SETÚBAL Ucrânia: balanço de um ano de guerra

Uma das grandes limitações de muitos dos nossos dirigentes políticos, entendidos numa dimensão mais ampla, é o facto de não se interessarem, nem procurarem livros de História, para lhes conservar vivo aquele espírito crítico indispensável, a fim das decisões que tomam, nomeadamente as mais perigosas, sejam alicerçadas também nesse conhecimento prévio.
Com o fim de 2ª Guerra Mundial e com o equilíbrio de forças provocado pela Guerra Fria, poderíamos pensar que a Europa tinha aprendido com os erros do passado e evitaria a todo o custo o ressurgimento de outros quaisquer conflitos armados.
Tal não aconteceu.
Com o desmembramento da União Soviética, ocorrido em 1991, muitos países que pertenciam ao antigo bloco militar de Leste, o Pacto de Varsóvia, muito justamente fartos de 70 anos de comunismo, da ditadura e da eterna penúria, aproveitaram a ocasião de viraram-se para Oeste, para a União Europeia e para a NATO.
E assim, entre 1999 e 2017, a NATO incorporou vários países da Europa central e de leste, a seu pedido expresso: Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Montenegro, Polónia, República Checa e Roménia, aproximando-se das fronteiras russas.
Muito embora saibamos que os países que compõem a NATO dificilmente enveredariam por acções militares directas e em primeira mão contra a Rússia, não podemos negligenciar o facto de estes encararem com bastante reserva a aproximação desta estrutura militar próximo das suas fronteiras, tal como tinha acontecido anteriormente com os americanos e os mísseis cubanos.
O problema aqui é outro. Vladimir Putin é um ditador e não um democrata. E isso complica tudo.
Nesse ano de 1991, com o colapso da URSS, a Ucrânia alcançou a sua independência e tem vindo a procurar aproximar-se dos países que fazem parte da União Europeia e da NATO, tal como tem sucedido com os restantes países de Leste, exceptuando a Bielorrússia.
Já há muito tempo que perceberam que o abraço do “urso” russo não lhes traz prosperidade, mas tão-somente dependência, estagnação, penúria e falta generalizada de qualidade de vida. E (mais) ditadura.
Vladimir Putin, não lendo livros de História, nem se interessando por esses assuntos, entendia que a Ucrânia não tinha razão histórica para existir; logo, pensava que seria uma guerra rápida, fulminante, eliminaria Volodymyr Zelensky, instalaria um governo fantoche e a população ucraniana acolheria os russos com flores e grinaldas.
Passado um ano, Zelensky mantém-se firme no seu posto, os ucranianos defendem-se feroz e corajosamente contra o invasor russo, acrescidos dos modernos equipamentos ocidentais que vão progressivamente chegando.
Se existe algo que a História nos ensinou é que os países que querem ser e permanecer livres, não se deixam condicionar, nem sequer perante um país agressor que possui capacidade de dissuasão nuclear.
Se existe algo que a História também nos ensinou é que o espírito humano não pode ser condicionado, não se deixa vergar; mais tarde ou mais cedo, irrompe, quebra barreiras e torna-se imparável.
Tal como sucedeu com Hitler com a invasão da Polónia em 1939, também Putin desvaloriza as democracias e não entende que estas demoram a reagir, mas quando o fazem podem tornar-se imparáveis.
E aí será o seu fim.

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