8 Maio 2024, Quarta-feira

O Natal é das crianças

O Natal é das crianças

O Natal é das crianças

“O Natal é das crianças” é uma frase muito ouvida nesta época do ano, entre conversas amigáveis, sendo esta uma altura onde nos focamos nos mais pequenos.

Não podemos deixar de refletir, sobre as crianças que não têm o privilégio de passar a ceia de Natal com as suas famílias.

Segundo o relatório CASA (Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das crianças e jovens) — elaborado pela Segurança Social — no dia 1 de novembro de 2020, encontravam-se em acolhimento residencial e familiar, 6706 crianças e jovens distribuídos pelas diferentes respostas sociais, procurando estas garantir os cuidados adequados às suas necessidades, bem-estar e desenvolvimento integral.

Através deste mesmo relatório, analisando os dados sobre a escolaridade, conseguimos verificar que as crianças e jovens que cessaram o acolhimento, apresentam níveis de escolaridade abaixo do que seria expectável para a sua faixa etária. Regista-se um desfasamento entre os ciclos de ensino, a idade correspondente e o número de crianças e jovens que saíram do acolhimento por nível de ensino.

Infelizmente, crescer em situação de acolhimento traduz-se em desigualdades sociais, que não se circunscrevem apenas à infância, mas que se perpetuam pela vida daqueles que não têm o privilégio de uma infância feliz e provida de tudo que lhe é necessário. Não existem muitos estudos em Portugal sobre o futuro dos jovens após a cessação de situação de acolhimento, mas as suas oportunidades não são iguais, é óbvio!

Precisamos de mais estudos sobre quantos jovens após a cessação de situação de acolhimento, conseguem tirar uma licenciatura, quantos se encontram no sistema prisional e reinserção social, nomeando alguns exemplos.

Porquê? Porque necessitamos de agir e integrar. Porque precisamos de lutar, coletivamente, pelo futuro destes jovens! Porque é urgente uma sociedade mais justa e igualitária.

Precisamos de uma agenda para uma infância digna, para possamos assegurar que todas as crianças usufruem de uma infância com equidade de oportunidade.

Precisamos de promover um debate sério e com factos sobre a criação da figura Provedor da Criança.

Porque é um dever de todos, principalmente, dos decisores políticos, garantir que o berço em que nascemos não tem um marco definitivo no nosso futuro.

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