20 Abril 2024, Sábado
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112 Anos da República Portuguesa

Na madrugada de 5 de Outubro de 1910, a revolução organizada pelo Partido Republicano Português destituiu vitoriosamente a monarquia constitucional portuguesa e implantou um regime republicano em Portugal. A possibilidade de voto para eleger os representantes (ainda que não para todos), a partir desse dia, passou a ser uma realidade. E a partir desse momento começamos a compreender a noção de democracia e de igualdade perante a lei. Ao contrário da Monarquia, a República não promove e combate a ideia de haver cidadãos de primeira e de cidadãos de segunda, de haver classes superiores e inferiores, da ostentação ser algo de magnífico a almejar. Ao contrário da Monarquia, a República é garante a premissa humanista de que todos os Homens e Mulheres são iguais, de que o exercício do poder não está nas coroas nem nas joias, nem se transmite por herança ou por consanguinidade, mas pelo contrário que reside no voto de cada um e de cada uma, e que todos têm oportunidade e possibilidade de o exercer

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Neste 112º Aniversário da República Portuguesa que celebramos, e à luz do contexto nacional e internacional que vivemos, importa, pois, fazer uma breve reflexão sobre a importância e o seu papel, mas também das suas fragilidades.

Perante as incertezas e as ameaças com que Europa e o Mundo hoje se confrontam, o futuro de Portugal continuará a passar inquestionavelmente pela afirmação e consolidação dos ideais republicanos da Liberdade, da Igualdade, da Justiça e da Dignidade da Pessoa Humana como forma de preservar a valorização, o respeito e pluralidade das ideias, o sentido da cidadania, o serviço e a entrega à nobre causa pública que muito marcaram a mensagem republicana e o exemplo dos seus grandes protagonistas. E se a Primeira República falhou como reforma democrática do sistema herdado da monarquia liberal, tendo aberto caminho a uma longa e cruel ditadura de quase meio século, com a Terceira República que Abril nos abriu, os direitos e as liberdades fundamentais foram restaurados e a tão desejada democracia foi conquistada. Com efeito, 112 anos volvidos, parte dos ideais republicanos estão ainda por cumprir, como voltam a estar sob forte ameaça, A relação do indivíduo com o Estado, nomeadamente na Justiça, na Educação, na Saúde, e na promoção da Coesão Social são premissas pelas quais, hoje, todos somos convocados a lutar como forma de salvaguardar e preservar o Portugal Democrático, em particular dos que o querem fazer implodir para, encontrar nas crises pandémicas, na  inflação, na perda do poder de compra, a  oportunidade para explorar o medo e  voltar a erguer os muros e as ameias do passado isolacionista e ultranacionalista mais tenebroso da nossa história, onde o valor e a vontade do coletivo se subjugam ao culto em torno de líderes populistas.

Das crises ou sai melhor ou pior, nunca se sai igual. É por isso que somos hoje confrontados com a necessidade de, perante um contexto particularmente difícil e inédito nestes últimos 3 anos, decidir como dele queremos sair e o queremos ultrapassar. “Preferimos sentarmo-nos à mesa e à boleia das conversas de café e dos comentários das redes sociais atacando e destilando ódio e frustrações uns contra os outros e deixando que pensem por nós explorando esses nossos medos e angústias em nome de uma?” Ou, pelo contrário, será que ainda não percebemos, sobretudo com a crise pandémica, que estamos todos dependentes uns dos outros, e que se não forem os valores e o ideias republicanos e democráticos, da solidariedade, da igualdade e da justiça social, do serviço ao bem comum, nenhum país ou cidadão se salvará sozinho. Só sairemos melhor juntos, nunca pensado apenas em nós próprios. Aprendamos, pois, com o passado para salvaguardar o futuro. Porque as conquistas que conseguimos ao longo do último século devemo-las, em grande parte, aos homens e mulheres que lutaram pela causa e pelos valores republicanos, e que, posteriormente, vieram a formar as bases da luta pela democracia. É por isso, que honrar a História de Portugal, significa inequivocamente lutar pela nossa República e por tudo o que representou e continuará a representar, para que, hoje e sempre, ela seja verdadeiramente, como desejara Antero de Quental, “no Estado, liberdade; nas consciências, moralidade; no trabalho, segurança; na nação, forca e independência. Para todos, riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz!”.

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