19 Abril 2024, Sexta-feira
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A demissão da ministra da Saúde e a importância da Medicina Familiar

Até à hora em que escrevo este comentário não ouvi nenhum verdadeiro médico de família a dar a sua opinião

 

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Passei horas a ouvir em todos os noticiários a notícia urgente do pedido de demissão da ministra da Saúde.  Passei horas a ouvir as opiniões de representantes dos vários partidos políticos e de representantes de organizações médicas e de “especializados” comentadores em problemas da saúde e, nem sei bem porquê, especialistas em problemas económicos.

E até à hora em que escrevo este comentário não ouvi nenhum verdadeiro médico de família a dar a sua opinião.

Para alem das críticas de teor político, falava-se de alterações de fundo que não foram feitas nem – verdadeiramente – constavam dos orçamentos e projetos. Os sindicalistas há muito que pugnam – e bem – pela solução dos problemas dos honorários, a maioria falou de faltas de meios (o que é?), de falta de tecnologias modernas, de pessoal de enfermagem e técnicos, da falta duma boa organização, etc. E pouco ou nada ouvi falar da necessidade duns cuidados primários de saúde eficientes e fazendo a cobertura de todo o país. Fala-se que há dinheiro da tal “bazuca” para construir mais de 100 centros de saúde – note-se que ninguém falou de unidades de saúde familiar – será que, pelo menos quem toma decisões, sabe verdadeiramente o que é medicina familiar? Espera-se que o governo (o seu primeiro-ministro!) se pronuncie sobre a substituição dum novo ministro. Mas a substituição dum ministro não resolve nada se não houver um conhecimento verdadeiro da importância essencial de bons e eficientes cuidados primários de saúde e, fundamental, que saiba o que é a especialidade de Medicina Familiar.

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Se se quere boa saúde para os portugueses, a tónica das tais reformas de fundo, ou estruturais, aos olhos do poder devem incidir numa boa organização das unidades de saúde familiares e não na medicina tecnológica, isto é, nos hospitais.

E não devemos colocar em primeiro lugar os salários (importantes, eu sei) mas pensar em “carreiras”, com vários degraus e provas de acesso, numa boa dose de independência organizativa e de gestão, na valorização desses cuidados primários com alguns meios de diagnóstico, com o apoio de outros serviços técnicos como psicologia, fisioterapia, etc.

Necessita-se dum estudo sério, duma organização eficiente e bem pensada, sem ser “inquinado” por sistemas políticos que se antagonizam permanentemente, e precisam-se de verdadeiros especialistas em medicina de família – e não internos disto ou daquilo a preencher “buracos”. O SNS levou anos a ser concebido, anos a ser posto de pé (coxo, eu sei), mas não percam esta oportunidade única de “voltar ao princípio” e construir um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde. Estamos perante uma oportunidade única e esqueçam por uns tempos os “cuidados intensivos”. Essa melhoria vem depois.

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Não esqueçam, senhores do poder, que o homem é “ele e a sua circunstância” e que a maioria das nossas queixas têm alta dependência dos meios e dos problemas familiares e sociais necessitando de tempo e duma relação “médico/paciente” eficaz e… com tempo. Não esqueçamos que é fundamental “olhos nos olhos do doente” e não “olhos do médico no ecrã dum computador”.

Há anos, ao ser concebido o nosso SNS – uma cópia do serviço nacional de saúde inglês – foi necessário convencer médicos, professores, faculdades e ministérios. Que agora não seja necessário o mesmo.

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