8 Maio 2024, Quarta-feira

O mundo perdeu a fé ou a fé perdeu o mundo

O mundo perdeu a fé ou a fé perdeu o mundo

O mundo perdeu a fé ou a fé perdeu o mundo

Passou um bem disputado período eleitoral. Passaram as eleições com boa participação

Li algures este título ou esta afirmação, já não sei onde, ou dita por quem, mas adopto-a agora como minha assumindo o plágio. Na realidade já há muitos anos a esta parte que ano após ano (posso mesmo dizer “século após século) assistimos a uma progressiva descristianização das nossas sociedades ocidentais Talvez por isso e por muitas outras causas as nossas sociedades têm se tornado em campos de batalha na verdadeira aceção da palavra ou mesmo sob outras agressividades em muitos campos da vida. E pensando nos processos de vida dos primeiros tempos do cristianismo que se foram impondo aos seres humanos com valores como a fraternidade, a entreajuda, a amizade e uma total limpidez de processos na vida social – fico aterrorizado hoje com a hipocrisia, a corrupção, o roubo ou mesmo a voluntária destruição da nossa casa comum. Ora os cristãos vivendo o Amor e seguindo com rigor, gosto e mesmo entusiasmo, uma imitação de Jesus a cujo exemplo aderiram, fizeram, qual mancha de azeite, estender essa maneira de viver pelo mundo de então. E depois, conforme as sociedades iam evoluindo e se transformavam de maneira laica, mesmo assim, a dignidade da pessoa humana, os direitos do homem, a organização democrática são consignados em documentos que não deixavam de ter a sua raiz no viver cristão. Mas nessas sociedades cristãs foi nascendo uma organização hierarquizada que foi tomando conta do poder, regulamentando a vida dos que se diziam cristãos, chegando a uma menorização escandalosa dos crentes e a uma total igreja (assim se chamou) rígida, sacralizada e esquecendo os marginalizados da sociedade, os pobres e até os doentes que eram a preocupação do tal Jesus. Um Papa Leão XIII, setenta anos depois de uns tais Marx e Hegel publicarem um Manifesto chamando a atenção para os desmandos sobre quem trabalhava feito pelos detentores do capital, iniciou a publicação com origem em Roma sobre os problemas sociais. E depois todos os Papas foram construindo um edifício magnifico sobre a vida dos cristãos (a Doutrina Social). Mas, mesmo assim a evolução do mundo, das suas técnicas e organizações, a Igreja ia-se afastando num total anquilosamento afastando se da vida real – ia deixando de dar resposta aos anseios e problemas dos homens. E estes foram-se afastando progressivamente da vida eclesial e perdendo a sua fé.

Mas eis que o atual bispo de Roma (o Papa Francisco) resolve iniciar o regresso dos cristãos á sua pureza original – “trazer as margens para o centro”, reduzir o poder dos sacerdotes e dar a voz ao “povo de Deus” há muito secundarizado, abafado em regras de antenho, chocando com os hábitos de luxo, a aceleração dos afastamentos de muitos crentes.  E convoca um Sínodo dos bispos para 2023, pedindo que sejam portadores das opiniões, dos anseios e das críticas após uma consulta universal ao “povo de Deus”. Os prazos bem delineados para essas consultas estão no fim e – entre nós portugueses vão sendo conhecidos apenas os relatórios finais de ALGUMAS Dioceses, que vamos lendo aqui ou ali. Mas nalgumas (não tive acesso a muitas) foram ouvidas APENAS as pessoas ligadas ás estruturas da Igreja – e quem ouve os de fora? E são tantos! As ideias, os principais problemas graves são equacionados e fala-se (no poder dos sacerdotes, no esquecimento dos marginalizados, no papel escandalosamente secundário das mulheres na vida eclesial, no hermetismo das celebrações muitas vezes uma “chatice”, da falta de adaptação das leituras dos livros ditos sagrados à vida real dos nossos dias, etc. E soluções? E alem dos de fora, e a juventude, e o diálogo com outras fações cristãs ou mesmo outras religiões? Mas quando veremos inquéritos de rua, contatos com organizações laicas, uma participação na política que rege as nossas vidas, refazer costumes do passado com linguagem do presente.  Até já vi na TV, noutros países, sessões publicas em frente de Igrejas, com as leituras e a alegria da mudança, até com participação de artistas– a Igreja a colaborar e a chamar o profano!  Eu quero deixar de ser “leigo na matéria”! Como vai mesmo esta “revolução da ternura “entre nós?

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