27 Julho 2024, Sábado

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Das políticas públicas em educação (parte I)

Das políticas públicas em educação (parte I)

Das políticas públicas em educação (parte I)

11 Fevereiro 2022, Sexta-feira

Falar de educação pode ser para uns a hábil arte de ser o tal comentador de bancada que tudo sabe e que é detentor da razão total. Para outros será porventura uma tarefa mais árdua por ser difícil falar sobre os assuntos não estando dentro deles, não os vivenciando no dia a dia.

Aqui, os professores e os educadores são, por excelência, os comentadores em exercício da nobre arte de falar sobre o assunto. Mas de que falamos nós? Falamos da inexistência de uma verdadeira política de educação virada para os alunos e com especial relevância para a comunidade educativa onde está inserida.

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Acontece que este exercício de análise não é fácil. As políticas de educação são elaboradas nos gabinetes ministeriais, com assessores e técnicos muitas vezes contratados dentro da esfera partidária, com lógicas de carácter ideológico vincado, sem consulta prévia às comunidades onde estas irão ser aplicadas.

Vejamos, a educação em Portugal e para os portugueses em geral, tem uma “componente” singular demasiado fechada em sim mesma e no nosso ponto de vista é errado. O currículo escolar é único e uniforme, tratando tudo e todos de igual forma, esquecendo que todos somos diferentes e todos podemos, dentro do espectro da nossa liberdade me dos nossos interesses, fazer escolhas, seguir rumos diferentes, ter percursos diferenciados.

Ao impedir que os alunos possam fazer escolhas em qualquer altura do seu percurso escolar, não estaremos a potenciar as desigualdades? Aliás, esta é uma discussão recorrente no campo da sociologia das desigualdades em educação.

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Já Altusser (1974) referia que a escola acolhia todas as crianças de todas as classes sociais, fornecia-lhes um tronco comum de formação, mas que aos dezasseis anos, uma grande quantidade de crianças caía nas malhas da produção, ou seja, abandonavam a escola para irem trabalhar porque cada massa de alunos que caia no caminho era praticamente provida de ideologia que convém à sua função social de classes.

Daí que o número de retenções e abandono escolares tenham atingido números no passado que só podem envergonhar qualquer ministro da educação. Poder-me-ão questionar a propósito das escolas poderem agora “aligeirar” o percurso formativo através de projectos de autonomia e flexibilização curricular.

Aqui, o problema é outro. Se por um lado, se permite às escolas a gestão de cerca de 25% do currículo consoante o território educativo e os projectos de escolas, por outro, como se concretiza essa autonomia nos exames de final de ciclo, onde todos realizam o mesmo, independentemente da flexibilização decidida em cada escola?

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Como combater mais uma desigualdade educacional do século XXI? Abolimos os exames? Fazemos exames por território educativo? Qual será a nossa prestação em programas de assessment internacional?

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