29 Março 2024, Sexta-feira
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Um início de mandato promissor

Primeiros sinais apontam para um regresso à política e à ambição de Setúbal como capital de distrito

 

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O mandato de André Martins como presidente da Câmara Municipal de Setúbal promete muita coisa de diferente, relativamente aos anteriores, e em aspectos de grande significado e importância para o concelho.

Os primeiros sinais, alguns ainda anteriores à tomada de posse, indiciam um regresso à política – no estrito e bom sentido da palavra -, com base numa visão estratégica e sem perder o foco nos problemas correntes que afectam as pessoas.

Ao agir de imediato, ainda apenas como presidente eleito, nos casos da Comenda e do Hospital de Setúbal – no primeiro comprometendo-se com a defesa do usufruto público e no segundo assumindo-o como a prioridade para o primeiro dia de trabalho do mandato – André Martins mostra que tenciona marcar a agenda política, assumindo a vanguarda da acção e constituindo-se como voz, de facto e não apenas de direito, do interesse da população.

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Só estes dois exemplos mostram logo uma imensa diferença para o passado recente se nos lembrarmos das dificuldades da câmara em lidar politicamente com as dragagens. Aliás, no caso da Comenda, a autarquia teve, até agora, uma posição dúbia em que, a uma entrada de forte oposição à prepotência dos proprietários, com ameaça de expropriações, se seguiu uma inacção muito difícil de entender.

Os segundos sinais de esperança, surgem no discurso de tomada de posse, em que o novo presidente não apenas se comprometeu com (quase) todos os temas quentes como confirmou a dimensão estratégica da sua visão.

Esta dimensão está patente quando assegura que vai exigir responsabilidades a quem cortou o acesso da Península de Setúbal aos fundos europeus. Nesta matéria, André Martins, além de chamar o tema à agenda, de forma muito firme, atira a questão que se impõe e ao alvo certo.

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“Importa saber do Governo e do senhor primeiro-ministro – que, aliás, ainda não se quis pronunciar sobre esta matéria – como é que seremos ressarcidos desta penalização; como seremos compensados por todos estes anos de falta de investimento”, disse.

Este posicionamento é a grande diferença para os mandatos anteriores, porque se traduz numa consciência da responsabilidade regional e numa ambição de liderança política que ninguém assume no concelho há demasiados anos. Setúbal abdicou de ser capital do distrito e com isso contribuiu, objectiva e decisivamente, para a situação a que chegámos. A bem da região, o peso político do autarca de Setúbal deveria ser reforçado, pela CDU, atribuindo-lhe a presidência da associação de municípios (AMRS).

Nas temáticas diversas, o eleito assegurou o regresso da água à gestão municipal já em 2022 (sem nada dizer sobre a monstruosa dívida da Águas do Sado ao município, embora seja compreensível que nada tenha dito sobre isso, atendendo ao momento), prometeu procurar “garantir o alargamento do Passe Navegante à travessia do Sado, facilitando assim o regresso dos setubalenses às praias de Troia” – mostrando disponibilidade para enfrentar os interesses instalados que afastaram os setubalenses de Tróia – e até falou em “melhorar as condições de acesso às praias da Arrábida“, assumindo, implicitamente, que há trabalho a fazer para que o modelo adoptado, ‘Arrábida sem carros’, possa realmente corresponder às necessidades.

Entre o que não falou, destaca-se o IMI (embora a tendência iniciada seja a de redução da taxa), o estacionamento tarifado (em que é aconselhável pelo menos alguns retoques – por exemplo, em certas franjas residenciais e nos preços dos passes para residentes –, coisas com pouco impacto na concessão mas que podem acabar de vez com as arestas que tornam o tema politicamente difícil e eleitoralmente perigoso), e, sobretudo, os grandes projectos.

André Martins não se comprometeu com grandes obras e esta será a segunda maior diferença para os mandatos anteriores. O que se antevê é uma maior proximidade aos temas correntes, como a habitação, às necessidades das pessoas em cada momento e nos diversos lugares do concelho, em vez de obras físicas emblemáticas (até porque essas, justiça seja feita, ficaram quase concluídas), ou muito embelezamento.

Porque André Martins parece ter percebido, como é evidente, para nós, que estas eleições demonstraram, que é na política, e não na obra, que a CDU está em perda.

Outra diferença que aponta para um mandato mais político, é a aposta na governação com base na maioria pontual (uma vez que a CDU perdeu a maioria absoluta). O presidente assumiu que vai governar com a maioria (relativa) que tem.

Tendo o PSD rejeitado pelouros e sendo o PS a alternativa, a aposta é na gestão política caso a caso. No conjunto destes primeiros sinais, o empenho e determinação evidenciados pelo novo presidente transmitem uma energia que contraria a imagem de apagado que muitos tinham de André Martins.

Director

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