O desaparecimento de Jorge Sampaio (1939-2021), que ainda hoje enluta oficialmente o País, devia ser aproveitado por todos, e principalmente pelos detentores de cargos políticos, para uma reflexão sobre o valor da ação politica.
O seu exemplo de integridade, coerência e humanismo são uma lição, sobre a nobreza da política, enquanto principal função criativa e transformadora do Estado de direito, e a forma como deve ser exercida tão relevante actividade.
Com Jorge Sampaio, percebe-se que a política, apesar das fraquezas humanas, pode estar ao serviço do bem público e que os políticos não podem ser reduzidos ao grupo dos que apenas procuram servir-se.
A sua participação nas mais humildes e desinteressadas actividades mostra que o contributo que podemos dar ao bem-estar colectivo não se esgota nos mais elevados cargos, mas que os políticos, sobretudo os de topo, podem fazer muito pela cidadania.
A impoluta e preocupada conduta de Jorge Sampaio constitui um exemplo – e, felizmente, não é o único, porque temos outras figuras de idênticas virtudes, como são os casos de Ramalho Eanes ou Manuel Alegre – que deve inspirar-nos.
Tendo tido a feliz oportunidade profissional de trabalhar junto do ex-Presidente da República, durante quase cinco anos, enquanto jornalista “residente” no Palácio de Belém, acompanhei Jorge Sampaio em Portugal e no estrangeiro e pude testemunhar a sua autenticidade.
