20 Abril 2024, Sábado
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Incêndios florestais, vira o disco…

Não vamos aqui enumerar todas as causas da praga que constituem os incêndios florestais. São tantas, nem de longe, temos a pretensão de as conhecer todas.

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Talvez as principais sejam, desde logo, as condições atmosféricas. Altas temperaturas, ventos, etc. Claro que sempre se verificaram. Mas agora, mais incertas, frequentes e graves, devido às alterações climatéricas(AC).

Mas esta não deve ser a principal. A falta de prevenção, sim.

A falta de limpeza e de desmatação das bermas de estradas em locais de vegetação alta e de matas, tão comum por esse país fora, associada à irresponsabilidade de se atirarem de veículos em andamento pontas de cigarro a arder, descuidos e abusos com queimadas, o abandono dos campos devido à crise na agricultura, principalmente de pequenas e até médias explorações por falta de incentivos, de pouca rentabilidade, tudo mais ou menos relacionado com a Política Agrícola Comum(PAC) da União Europeia que privilegia as grandes propriedades, nomeadamente os latifúndios do Alentejo e Ribatejo, o crime de fogo posto por incendiários com ou sem mandantes que deve ser muito mais investigado e punido, e a não diversificação de espécies onde avulta, de longe, o eucalipto. Estas sim, são os principais rastilhos que originam o tão grande numero de incêndios.

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Portanto, fundamental, seria,  prevenção, planeamento e uma política séria e consequente para os nossos campos e florestas. Fundamental, por todas as razões e mais esta agora da sustentabilidade do ambiente, do país, do planeta, perante os já tão visíveis e terríveis efeitos das AC.

Infelizmente, não é isso que se verifica. Veja-se, por exemplo, o caso do pinhal de Leiria. O histórico pinhal de Leiria também denominado Pinhal d`El-Rei, ou Mata Nacional de Leiria com os seus 11.080 hectares e já com oito séculos de existência e de tanta importância para os Descobrimentos (da sua madeira construiriam-se  caravelas para a façanha que nos orgulha) e para a proteção de terrenos agrícolas das areias transportadas pelos ventos.

No passado, durante séculos, sempre que se abatiam pinheiros, eles eram de seguida replantados. Agora, D. FernandoIII e D. Dinis, devem dar voltas de indignação nos respetivos túmulos. Se não vejamos: depois do grande incêndio de Outubro de 2017 que consumiu 86% da sua área,  passados  estes longos 5 anos, apenas foram replantados 11%. Aqui está refletido, nesta tão importante matéria, o  exemplo, principalmente do atual Governo, mas também dos anteriores, porque poderíamos citar tantos outros exemplos.

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Valha-nos a boa vontade e dedicação dos esforçados bombeiros. Mas, como recorrentemente se constata, não chega. O que chegava, seriam campanhas de sensibilização da opinião pública, mais fiscalização , limpeza e manutenção das bermas de estradas com cantoneiros como no passado acontecia, punição dos prevaricadores, e políticas sérias e eficazes para este setor de vital importância. Ganhava o ambiente, a economia,  o país, ganhávamos todos.

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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