26 Abril 2024, Sexta-feira
- PUB -
InícioOpiniãoUm exame ao investimento na saúde

Um exame ao investimento na saúde

Agora que Portugal entregou o Plano de Recuperação e Resiliência, Bruxelas já avisou que “vamos a exame todos os semestres”. E o Governo acrescentou que “não podemos falhar”, Portugal terá que se sujeitar às regras de avaliação que acertou com a Comissão Europeia.

- PUB -

O que ainda não é totalmente claro é quais são as regras de avaliação concretas que foram acordadas. Estamos a falar de sujeição a regras semelhantes à do semestre europeu ou estamos a falar de execução pura e simples de projetos? Estamos perante algum cenário em que possamos estar a falar de condicionalismos ou contrapartidas pelo cumprimento ou não cumprimento dos objetivos? A dúvida é legítima porque o histórico europeu nesta matéria é péssimo.

Tomemos como exemplo a saúde. Por um lado, continua a falar-se em mais equipamentos, equipamentos necessários e importantes, mas não se fala em mais profissionais. Ora, não podendo com o PRR haver reforço de profissionais, quem vai operar os meios e equipamentos novos? Vai ser tudo mais tarde contratualizado com os privados ou privatizado, desviando para um setor já enriquecido o investimento tão necessário no Serviço Nacional de Saúde?

Por outro lado, a Ministra da Saúde já admitiu que podem estar incluídas nas contrapartidas a reorganização de urgências e a redistribuição de recursos. Nos documentos, primeiros escondidos e depois divulgados, em que o Governo se compromete com uma série de medidas para aceder ao PRR lê-se na área da saúde o seguinte: “atualização das redes de referenciação para as várias especialidades hospitalares, da reconfiguração das carteiras de serviços dos hospitais e do reforço do modelo de organização de urgência metropolitana”.

- PUB -

Também aqui a suspeita é legítima. Esse modelo de urgência metropolitana, sempre que é apresentado, envolve o encerramento de urgências hospitalares já existentes. E a reconfiguração da carteira de serviços, sempre que é colocada em cima da mesa, é para concentrar determinadas especialidades em apenas alguns hospitais. É preciso, por isso, que o Governo diga em que consistem tais compromissos.

Entretanto pouco ou nada se sabe sobre a construção de novos centros de saúde tão necessários como o do Feijó ou o da Quinta do Conde. O hospital do Seixal continua a ser uma miragem. O investimento para a ampliação do hospital de S. Bernardo chega a conta gotas. O Hospital Garcia de Orta, que serve atualmente uma população estimada em mais de 350 mil habitantes, continua sem condições físicas ou de recursos humanos para garantir o acesso à saúde em boas condições, arrastando, por exemplo, a falta de resposta da urgência pediátrica. A falta de médicos de família continua a ser gritante.

A bazuca europeia não vai – nem poderia – substituir-se ao investimento público necessário para dotar o SNS dos recursos necessários para servir o país e o distrito de Setúbal. Mesmo com a bazuca europeia, a subida programada pelo Governo para o investimento público deste ano é curta, quando comparada com o caminho que já era esperado, fica  apenas uma décima acima do que se previa no período pré-pandemia.

- PUB -

O Governo pode estar com receio do exame europeu mas para não ir ao engano o melhor é perceber já que o exame que conta é o exame ao investimento público para responder à crise. E esse é feito cá dentro.

- PUB -

Mais populares

Cavalos soltam-se e provocam a morte de participante na Romaria entre Moita e Viana do Alentejo [corrigida]

Vítima ainda foi transportada no helicóptero do INEM, mas acabou por não resistir aos ferimentos sofridos na cabeça

Árvore da Liberdade nasce no Largo José Afonso para evocar 50 anos de Abril

Peça de Ricardo Crista tem tronco de aço corten, seis metros de altura e cerca de uma tonelada e meia de peso

Homem de 48 anos morre enquanto trabalhava em Praias do Sado

Trabalhador da Transgrua estava a reparar um telhado na empresa Ascenzo Agro quando caiu de uma altura de 12 metros
- PUB -