A pandemia que teima em não se deixar vencer, mesmo com os cientistas do mundo inteiro a trabalharem para criarem “armas” que eliminem a sua altíssima perigosidade, a verdade é que as vacinas criadas em grande número e tempo nunca vistos, não nos dão uma defesa plena.
Primeiro ficam-se por uma percentagem de eficácia muito longe dos 100% e depois o agente da doença vai-se modificando, sendo cada variante menos eficaz, ou mais contagiosa.
Claro que essa ciência não cessa de aprontar a sua capacidade de defesa, mas a verdade é que vai sendo necessário diminuir os contactos entre as pessoas em todos os locais que não sejam absolutamente necessários à nossa sobrevivência – estamos numa luta que não admite tréguas!
Assim, ora surgem esperanças de nos dar plena liberdade, ora aumentam os números de contagiados, levando a dar o dito por não dito, numa verdadeira dança de medidas e ordens.
Eu tinha prometido não falar mais da covid-19, pois estamos debaixo de uma avalanche de notícias, seja nas televisões, seja nos outros meios de informação, sendo muitas dessas notícias fonte de medo e angústia para quem as lê e ouve.
Além dos gravíssimos problemas de saúde, vamos também assistindo aos problemas económicos e sociais, com desempregos e falências, e vamos assistindo ao aproveitamento político desses aumentos inevitáveis pelas variações inesperadas do “malfadado bicho”.
O que me fez voltar ao assunto foi uma notícia dada por um jornal diário, que dizia que a pandemia, entre nós, já aumentara o número de pobres em mais quatrocentos mil, mas – paradoxo – tinham aumentado igualmente os milionários em mais dezanove mil.
Afinal, a pandemia não foi um flagelo para todos e há muita gente a ganhar muito dinheiro com esta tragédia. Afinal o vírus não é assim tão democrático como se ouve dizer. Afinal tem razão o Papa Francisco, em querer mudar o sistema económico que nos rege e que centrifuga para as periferias muita gente. Que cava valas entre as pessoas, em vez de pontes.
Está cada vez mais perto a chegada dos milhões e milhões de euros da tal “bazuca” da Comunidade Europeia. Será que nos próximos anos o sistema que nos rege vai acabar por aumentar os milionários, não atingindo as franjas da nossa sociedade?
Se até o coronavírus aumentou o número de milionários, temos de estar atentos à utilização dos milhões de euros. Não será o momento mais apropriado para se socorrer o “sistema”? Para não se falar da necessidade de evitar a corrupção, que igualmente caracteriza o actual sistema?
Estamos em democracia. Fala-se na subida da extrema-direita. Não é altura de pôr em prática a tal necessária e urgente mudança? Não se aproximam períodos eleitorais que dão a palavra ao povo? Então, por que se espera?
