20 Abril 2024, Sábado
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Um caderno de encargos para Aires

Caro leitor, em 15/5 disse que esse seria o meu penúltimo artigo e que no último diria porquê: leia no final.

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Despeço-me com um caderno de encargos para Aires, onde moro há 17 anos. Era uma pequena e antiga localidade a 3 Km de Palmela, junto à EN 252 para Setúbal, outrora dedicada à pequena agricultura (há ainda vestígios de velhas quintas). A industrialização dos anos 60 mudou-lhe o perfil e, a partir de finais de 90, cresceram três urbanizações até à Estação Ferroviária de Palmela (nova). Em redor surgiram outras e, ainda, cinco supermercados e outros espaços comerciais, fazendo uma malha urbana quase contínua com a Volta da Pedra, Palmela e Setúbal.

Mas o enorme crescimento urbano e as receitas de IMT e IMI que gerou não serviram para as obras essenciais e urgentes. Além da escassa manutenção, só houve três pequenos investimentos (na Av. Fundadores do Airense): 28 mil euros em 280 metros de ciclovia que liga nada a coisa nenhuma; 10 mil euros a rebaixar os passeios para a Estação perto desta, esquecendo-se o outro lado (e a obra ficou inútil); subida do pavimento num cruzamento e três lombas (estas depois de um abaixo-assinado de mais de cem pessoas). E ainda a nova EB1/Jardim de Infância (investimento vultuoso, mas com verbas do Governo no âmbito da transferência de competências na Educação).

E há tanto para fazer há mais de 20 anos, quando as novas urbanizações aumentaram os residentes para mais de cinco mil. Aqui fica a lista do que é muito urgente, sem a esperança de a ver realizada algum dia.

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1.ª – Passeios entre Aires e a Estação Ferroviária (nova, mas já de 2004). Além do que disse atrás, violam o Decreto-Lei n.º 163/2006 e obrigam uma pessoa em cadeira de rodas a circular na estrada, no meio dos carros. O PRR, para melhorar a acessibilidade para pessoas com deficiência, tem 45 milhões de euros.

2.ª – Acabamento da Av. Joaquim Lino dos Reis. É o que impede, há 20 anos, os autocarros de atravessar Aires, entrando no Bairro Padre Nabeto e saindo na Estrada da Estação (velha). Prometido para 2018, mas só até à Rua de Aljubarrota. E por onde passará o Ciclop7, projecto da ciclovia de Setúbal ao Montijo, sem este acabamento? Perde-se o financiamento europeu? Setúbal e o Montijo fizeram a sua parte, em Palmela nada mexe.

3.ª – Ligação do Bairro Casas da Quinta (em franca expansão) e do Colégio St. Peter’s School (contíguo) à Estrada da Estação (velha) e à Av. Joaquim Lino dos Reis, no Cabeço Velhinho. Há 20 anos que faltam 50 metros de estrada do lado do colégio.

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4.ª – Reparação de 700 metros da Estrada do Vale de Mulatas (liga a Pontes, Cemitério de Algeruz / zona comercial do Atlântic Park / Controlauto /Jumbo e Monte Belo). O piso e as bermas são miseráveis.

5.ª – Rotunda no entroncamento da EN 252 com o Bairro Padre Nabeto (junto à Repsol / Macdonald’s).

6.ª – Prolongamento da Rua Heróis do Ultramar (no centro de Aires antiga) até ao entroncamento da EN 252 com o Bairro Padre Nabeto (junto à Repsol / Macdonald’s).

7.ª – Conclusão da rede de saneamento na parte final da Av. Antoine Velge (Quinta das Asseadas). É triste que em 2021 haja disto. E que se tenha de requerer à Câmara para não se pagar, ao mesmo tempo, o saneamento sem o ter e a limpeza das fossas.

8.ª – Ligação do saneamento da Repsol / Macdonald’s à rede. O esgoto corre a céu aberto, terras abaixo, para o Bairro Padre Nabeto.

9.ª – Repavimentação do piso do estacionamento na Rua Agostinho Pereira e pintura das passadeiras de peões. Sem reparação há 20 anos, prometido para 2019.

Agora as razões para deixar de escrever: a) – Escrevo aqui, regularmente, há oito anos, é tempo de dar o lugar a outros; b) – A pré-campanha autárquica começou, não sou candidato, nem pré-candidato, não quero influenciar ninguém. Só tenho alertado para a diferença entre a publicidade enganosa que nos vendem e a realidade em que vivemos: cada um que decida por si; c) – Como só alerto para casos concretos (não falo de retórica política vazia) e já disse o essencial, corro o risco de me repetir, pois a esperança de que tudo isto se resolva é nula; d) – O panorama político pós-eleições em Palmela não promete: se estamos muito mal, poderemos ficar muito pior; e) – A quinta razão fica comigo e com os meus botões.

Agradeço aos leitores que me leram e deram sugestões. Mas o maior agradecimento – INFINITO – é para o director do jornal, que, mesmo que tenha discordado do que escrevi (não sei), sempre pôs em primeiro lugar a Liberdade de Expressão. No futuro, colaborarei, esporadicamente, noutros temas.

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