18 Abril 2024, Quinta-feira
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Arborizar para consolidar

A importância das ruas arborizadas para a consolidação da infraestrutura verde em áreas urbanas.

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O efeito de ilha de calor consiste no aumento intenso das temperaturas nos espaços mais urbanizados. Em alguns casos, alguns pontos das cidades chegam a registar um aumento de 10ºC ou mais em relação às áreas rurais adjacentes. A ausência de uma infraestrutura verde consolidada, permite que fenómenos destes aconteçam com regularidade.

A fragmentação é uma das principais ameaças à conservação da natureza, da biodiversidade e dos habitats naturais, pois promove a destruição das conexões necessárias para o seu desenvolvimento natural. Estes factos ocorrem maioritariamente devido a ações relacionadas com o uso, transformação e ocupação do solo, que potenciam a perda de espaços verdes para a implementação de áreas impermeáveis como estradas e edifícios. Tal leva ao aparecimento do risco de cheias e ao aumento do efeito de ilha de calor urbana. Os municípios necessitam então, de adotar medidas e estratégias para garantirem um menor impacto das áreas construídas.

O conceito de infraestrutura verde incorpora precisamente a continuidade enquanto valor ecológico, social e de composição urbana, e faz deste uma das suas principais bandeiras. Funciona como uma rede que conecta ecossistemas e paisagens, através de nós, espaços âncora e diversas ligações. As ligações são tão importantes quanto os nós, só através da existência de ambos é que se forma uma rede de qualidade que permita a preservação ecológica dos sistemas.

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Podem ser adotadas várias estratégias para aumentar a conectividade entre os espaços verdes de uma área urbana, mas nos centros urbanos densamente construídos os espaços disponíveis são escassos e soluções alternativas terão de ser alvo de uma ampla reflexão: coberturas verdes, pocket gardens e ruas arborizadas são oportunidades que devem ser consideradas pelas políticas municipais de ordenamento do território, nomeadamente na revisão do Plano Diretor Municipal.

Coberturas Verdes

Tendo em conta que cerca de 20 a 25% da área urbana pertence a coberturas, a implementação de coberturas verdes poderá ser uma boa solução para a mitigação dos efeitos negativos da urbanização das cidades. A promoção de infraestruturas verdes é também um objetivo prioritário da União Europeia. Existem já inúmeras cidades que incentivam ou obrigam a adoção deste sistema construtivo. Copenhaga, capital da Dinamarca, tornou-se a segunda cidade do mundo a tornar obrigatória a implementação de coberturas verdes em novos edifícios. A primeira foi Toronto, no Canadá. Mas apesar dos inúmeros benefícios, dos quais destacamos:

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  • Retenção da água da chuva reduzindo o escoamento e atrasando o pico de cheia nos coletores urbanos das cidades;
  • Aumento do conforto térmico, reduzindo as necessidades energéticas e os gastos associados
  • Limpeza do ar nas cidades, através da absorção de poeiras finas prejudiciais à saúde, pela vegetação;
  • Redução da ilha de calor urbana;
  • Valorização da biodiversidade, da paisagem e do valor imobiliário;

este sistema também apresenta inconvenientes. O custo de construção associado ao sistema é um dos principais motivos da pouca aplicabilidade em Portugal. Assim sendo, é essencial a adoção de políticas de incentivos a fim de motivar a população ao seu uso. Em Hamburgo, por exemplo, os proprietários com uma cobertura verde com área de 20 a 100 m2 na sua residência recebem um subsídio de 40% do custo total da implementação da cobertura verde e pode ir até 60% se forem contratados profissionais especializados nesta área para a sua execução.

 

Pocket Gardens

Os “jardins de bolso” surgem normalmente em espaços públicos e privados livres devido a demolições, em espaços irregulares ou com constrangimento construtivo. São geralmente áreas pequenas de fácil manutenção e melhoram a qualidade estética da cidade, provocando um efeito surpresa a quem os encontra, permitem por si só a ampliação da conetividade da estrutura verde urbana.

 Ruas Arborizadas

Nas cidades, as árvores desempenham um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente. As ruas têm uma importância inquestionável tendo em conta que seria impossível conceber uma cidade sem as mesmas. São estas que permitem a movimentação das pessoas, que ligam os múltiplos pontos de interesse, tanto privados como públicos, que permitem encontros, formando um sistema de canais livres e de propriedades coletivas, a rua é de todos e para todos.

As ruas arborizadas acarretam diversos benefícios, tais como:

– a melhoria da qualidade do ar,

– a redução da poluição sonora,

– o aumento do conforto climático,

– a promoção da biodiversidade,

– a valorização económica do sector imobiliário e uma maior qualidade estética.

 

A arborização das áreas livres, de uso público que acompanham o sistema viário deve ser seriamente considerada tendo em conta a densidade da rede viária na cidade, um Plano de Arborização surge assim como a estratégia mais simples de implementar de forma eficaz a consolidação da infraestrutura verde, dependendo apenas da vontade política local apoiada por estratégias de desenho urbano adequadas, ao invés de se replicarem rotundas e espaços áridos  um pouco por toda a cidade.

O levantamento e caracterização da estrutura verde urbana existente deve ser o primeiro passo e permitirá identificar o património arbóreo da cidade, e avaliar melhor onde e como atuar.  Identificando os principais constrangimentos e oportunidades para a consolidação da infraestrutura verde da cidade, e com clareza definir as vias com potencial para serem arborizadas, considerando, claro, a adaptação e compatibilidade das espécies com o contexto urbano.

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