26 Abril 2024, Sexta-feira
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InícioOpinião“ Ninguém está seguro até todos estarem seguros “

“ Ninguém está seguro até todos estarem seguros “

O título deste meu artigo de opinião é o lema da Organização Mundial de Saúde (OMS) em face da pandemia que vivemos.

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A propósito, importa fazer algumas reflexões que ultrapassam as fronteiras do nosso país mas onde ele é, inevitavelmente,  parte interessada.

Em primeiro lugar, dizer que a pandemia veio colocar a questão dos direitos de proteção à propriedade industrial novamente, mas com mais enfase, nas abordagens relevantes. De facto, a vacinação é o elemento basilar do combate à Covid 19 e, portanto, os fármacos que permitem essa intenção , como todos os medicamentos, tem um período de proteção para a sua fabricação, só podendo ser produzidos pelos laboratórios que fizeram a descoberta e investiram, por isso, valores consideráveis que pretendem ver recuperados.

A questão do direito de propriedade industrial das vacinas levantou um problema sério, uma vez que destinando-se a combater uma pandemia, de alcance universal , os países mais pobres têm dificuldades acrescidas para proteção da sua população porque têm menos recursos para as adquirir.

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Ora, como a pandemia é exatamente um fenómeno global há o risco dela persistir nesses países e mesmo poder vir a afetar  países mais ricos, que se julgam a salvo no seu egoísmo,  tanto mais que nos novos tempos a liberdade de circulação de bens e de pessoas é muito grande.

Apesar de ser possível legalmente a comunidade internacional, através da Organização Mundial de Saúde, poder determinar que as patentes das vacinas deixem de existir podendo ser produzidas por qualquer país, isso levanta problemas e dificuldades que não são nada fáceis de ultrapassar. Desde logo a questão de se saber como e quem compensaria os laboratórios das vultuosíssimas despesas que levaram a efeito para as descobertas.

Mesmo que esta questão fosse resolvida continuaria de pé, não só mas particularmente nos países mais pobres, a inexistência das diversas  capacidades exigidas para que as pudessem  produzir.

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No entanto, não me parece que se deva assumir voto de vencido nestas abordagens. Pelo contrário, são assuntos relevantes para manter ativos na busca de soluções.

Entretanto, e perante as dificuldades – de “monopólio das vacinas” – as Nações Unidas e a OMS criaram , e a meu ver bem, – sem que, no entanto,   seja, de todo,  suficiente –  para os países pobres, um mecanismo, chamado Covax, que visa o   acesso global às vacinas da Covid 19, e que concretamente tem como  objetivo distribuir dois  mil milhões de doses em 2021 e imunizar 27% dos seus cidadãos.

A questão que aqui suscito, de inegável importância para todo o mundo , evidencia o fosso entre países e a necessidade de se apostar  seriamente numa nova lógica de desenvolvimento, que rompa com o chamado circulo vicioso da pobreza, caso contrário nunca se sairá dos mesmos falhanços.

Não posso terminar este artigo sem dar uma nota sobre a Europa. E faço-o transpondo o que o ex Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes ,escreveu recentemente sobre o tema e que subscrevo integralmente.

“ A pandemia demonstrou que a Europa precisa de reforçar o papel da saúde no pilar dos direitos sociais.

A proteção da saúde dos europeus requer um novo quadro de referência das políticas ao nível da segurança sanitária, das estratégias comuns de investigação e desenvolvimento e da gestão e inovação, bem como da partilha de respostas em saúde no espaço europeu.”

Nem mais!

Eurídice Pereira
Deputada do Partido Socialista
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