8 Maio 2024, Quarta-feira

Como iremos sair disto?

Como iremos sair disto?

Como iremos sair disto?

Passou um bem disputado período eleitoral. Passaram as eleições com boa participação

Mesmo que nos queiramos isolar para aliviar a nossa ansiedade ou o nosso medo, as televisões, as rádios e a imprensa escrita não o permitem pois parece que nada mais de importante se passa pelo mundo senão a pandemia do COVID-19. Parece que a guerra na Síria, a tragédia dos campos de refugiados na Grécia, a agressão à mãe Terra, a má distribuição das riquezas, a pobreza e as muitas doenças que enchiam há uns dois meses as urgências dos nossos hospitais, tudo está resolvido por golpe de mágica.

E agora o importante é sabermos ao minuto quantas pessoas em qualquer ponto do planeta adoece com o coronovirus, quantas análises são feitas em Londres ou em Tokio e quantas pessoas morrem por dia ou mesmo por minuto em devaneios de estatística. Por amor de Deus não pensem que não considero a pandemia que assola todo mundo, verdadeiramente a nível planetário, uma tragédia nunca vivida por nenhum dos viventes, mesmo nonagenários como eu. Eu sei que estamos atravessando uma crise única nos nossos tempos e que ninguém calcula quando pode ter fim à vista. Eu sei que nenhum serviço de saúde estava preparado para lhe dar resposta imediata. Eu sei que vão morrer milhares (milhões?) de pessoas, em especial os de maior idade.

E também vejo o tremendo esforço que os governos, os trabalhadores da saúde, as forças da ordem, os trabalhadores essenciais à nossa subsistência, os dos transportes e mais alguns estão sacrificados de trabalho perigoso e quase sem descanso. E sinto na pele o desgaste psicológico de estar isolado por nem sei quanto tempo, metido em casa com o tal massacre dos órgãos de informação – mas sei que temos de passar da simples solidariedade à co-responsabilidade pelo êxito duma solução. Eu sei e sinto tudo isso mas preocupa-me mais, pensando nos filhos e netos, como iremos sair disto, que mundo diferente viremos a ter, pois não tenhamos dúvidas que nada vai ficar como era.

Medidas próprias (e necessárias) do “estado de sítio” podem ser uma tentação e uma ameaça à democracia. As consequências sociais serão inevitavelmente profundas com desemprego, falências e mais pobreza, pois as medidas que se desenham para salvar as empresas e o emprego dificilmente impedem o desastre da multidão de trabalhadores dos pequenos negócios que nem micro empresas se podem chamar, dos trabalhadores independentes e de muitas microempresas – são medidas próprias da sociedade capitalista e globalizada em que estamos vivendo há décadas.

É que na realidade é bem difícil combater ao mesmo tempo a grave ameaça à saúde e o descalabro económico. Há quem proponha para minorar o desastre social a injeção de “dinheiro vivo” (a criação dum “rendimento básico incondicional de emergência”) e verbas a fundo perdido – empréstimos adiados para as calendas gregas só adiam para muitas médias e pequenas empresas o seu “afogamento”.

Não critico os esforços que os governos e as instâncias financeiras internacionais estão fazendo injetando capitais avultados nas nossas economias, mas passam ao lado duma larga maioria da nossa sociedade. E a nível mundial com loucos como Trump, Bolsonaro ou presidente da China as esperanças de soluções credíveis estão fora do nosso horizonte. E aqui pela Europa sinto toques a rebate pela segurança da União Europeia onde alguns países não dão mostras de solidariedade, vendo ao longe o desmembramento duma das mais bonitas e úteis iniciativas politico-sociais alguma vez realizada. Corremos o risco de termos um mundo em conflito com forças e problemas novos.

E não esqueçamos que temos sido nós homens – os seres mais inteligentes – que temos provocado imensos desequilíbrios no nosso planeta, na sua flora e fauna. Temos esquecidos que este equilíbrio é constituído, alem do homem, por milhares de espécies vegetais e animais, entre estes os micróbios e….os vírus – e de muitos deles não podemos prescindir! E não esqueçamos que não somos imortais e que começamos a morrer logo após o nosso nascimento – mas temos um horror à morte que é um mistério da nossa existência!!!!

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