Os negócios nesta sociedade de consumo inventam mil e um processos para aumentar os seus lucros , o verdadeiro e único objetivo do capital que domina toda a organização da nossa sociedade. Uma das iniciativas que tem vindo a crescer foi a criação de dias dedicados a algo que desperta o interesse das pessoa em assinalar determinado evento ou facto com festejos ou com a entrega de prendas. Alguns desses “dias de” correspondem a datas que têm há muito tempo interesse em serem assinalados por algumas pessoas, mas outros são simplesmente criados artificialmente ou generalizando pelo mundo alguma tradição específica de determinado país.  É evidente que isso exige campanhas de propaganda que assim vão congregando “muitos compradores” disto ou daquilo.

Ora vem aí o “dia dos Namorados” que põe a tónica nas relações amorosas.  Sempre tem mais interesse do que .por exemplo, o “dia das bruxas”, embora o conceito de namoro tenha sofrido transformações enormes com o decorrer dos séculos.

Não vou entrar na descrição dessas transformações – ainda namorei da rua para a janela da minha namorada, o que hoje cheira a ridículo pois uma rapariga e um rapaz que se conhecem num dia, muitas vezes acabam a sua relação muito pouco tempo depois “na cama”. Os hábitos relacionais entre as pessoas, a sexualidade, a liberdade muitas vezes transformada em libertinagem, fizeram desaparecer o encanto do verdadeiro namoro.

No entanto entendo que este “dia dos namorados” merece algumas considerações sobre o amor. Embora atualmente se saiba que um jogo de substancias químicas posta em circulação no nosso sistema arterial explicam – segundo os neurologistas e endocrinologistas– as nossas reações e o nosso comportamento na relação que se estabelece entre dois seres , é evidente que desconhecendo cada um de nós o que se passa no nosso organismo, o processo passa a ser sentido e conduzido conscientemente.

É bom que saibamos que o amor é uma pedra essencial nas nossas vidas. Nascemos em verdadeira simbiose com a nossa mãe e essa relação , esse laço, inicia as nossas dependências do amor. O amor da mãe é essencial para um normal desenvolvimento do novo ser, psicologicamente e até fisicamente, e depois do nascimento forma-se um verdadeira “placenta afetiva” que continua a ser essencial ao nosso desenvolvimento. E o ambiente familiar é essencial que transpire afeto para a criança seguir um trajeto de normalidade. E o amor é depois essencial para uma vida conjugal onde reine o amor.  E a nossa relação entre pessoas será positiva se for fraterna. É a ausência ou quase inexistência da solidariedade que atualmente abre o caminho a tanta violência que vemos por esse mundo fora. Ora este dia dos namorados convida a que pensemos no carater essencial do amor sob todas as suas formas: fraternidade, companheirismo, amizade, solidariedade, ou amor erótico.

Faço um apelo a que todos depois de amanhã façam um exame de consciência para avaliarem com rigor se a vossa entrega na família ou na sociedade não está inquinada de egoísmo, de ódios, de invejas, de vaidades – numa palavra, se o amor sob qualquer das suas formas esta ausente. Depois desse exame aproveitem o “dia dos namorados” para manifestarem o vosso amor a quem vos acompanha na saga da vida – seja cônjuge, seja namorado/a, seja amigo, seja companheiro ! E também é altura para esclarecer cada um que DEUS é o AMOR-

Vivamos o dia dos namorados em pleno! E contribuiremos para um mundo melhor!