20 Abril 2024, Sábado
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Recordar é viver: O célebre e afamado restaurante, Naval Setubalense

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Recordar é viver: O célebre e afamado restaurante, Naval Setubalense
Custodio Pinto
Custodio Pinto

 

A fama do restaurante Naval Setubalense é de tal maneira que ultrapassou fronteiras, passando a ser conhecido internacionalmente e frequentado não só por clientes portugueses como também por muitos estrangeiros, diplomatas, embaixadores, etc. Segundo consta, o doutor Oliveira de Salazar era secretamente um dos clientes do espaço situado na avenida Luísa Todi, no 1.º andar do edifício do Montepio Geral.

A ementa era esmerada, composta por espetaculares entradas, peixes e carnes. As entradas com diversidade de cerca de vinte e tal pratinhos de aperitivos: sardinha conserva, sardinha de escabeche, azeitonas, rabanetes “rodelas”, beterraba, feijão frade, grão, salada russa, lulinhas recheadas, arroz de caril, ostra natural, croquetes, ostra recheada, ameijoas ao natural, pastéis de bacalhau, navalhas, choco frito, manteiga, pasta de várias qualidades, pepino, salada de tomate com tempero, salada de polvo, esquilhas e carapauzinhos fritos. Depois das maravilhosas entradas, o salmonete e o bife à naval, doce, fruta, vinho, tudo pelo preço de 40 escudos, mais 10% para o empregado, e mais 3% se fosse turista.

O restaurante tinha o livro de presenças que, no final das refeições, além da assinatura dos clientes, registava ainda os elogios destes sobre o delicioso repasto. Mas segundo consta, o cliente doutor Oliveira Salazar nunca assinava o livro.

O proprietário do restaurante Naval era o galego Sr Rocha, que tinha os filhos como seus colaboradores: Manuel, Valentim e Laureano Rocha, este último deixou uma boa obra no teatro, e a letra do rio azul, além de ser um grande xadrezista. Todos já falecidos e o Laureano Rocha guardou na sua residência um belíssimo espólio, no qual consta o restaurante Naval. Seu pai foi cozinheiro do rei D. Carlos em Vila Viçosa. Tive o privilégio de conhecer o pai e filhos.

Que tenha conhecimento, haviam dois irmãos setubalenses: Alfredo e Augusto Pedrosa, que tinham prazer em comer e eram clientes assíduos que adoravam o espetacular e esmerado serviço do restaurante Naval. As instalações do restaurante são hoje ocupadas pelo Montepio Geral, que é agora proprietário do edifício.

E assim recordo o célebre e afamado restaurante Naval, que foi naquela época, um grande cartaz turístico de Setúbal, no país e no estrangeiro.