26 Abril 2024, Sexta-feira
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Nas mãos da juventude

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Nas mãos da juventude
Mário Moura - Médico
Mário Moura –
Médico

Vamos a pouco e pouco tomando consciência de que o nosso planeta está na realidade perante uma ameaça grave, provocada pelo comportamento dos homens, pelo tipo de organização social e económica em que nos fomos fixando, pela competição sem peias das grandes potência, numa procura a todo o custo do domínio económico e militar, por um mau uso das prodigiosas conquistas da ciência e da técnica ( que é um bem em si própria, claro!) e pela má formação ética que se dá , em geral, nas escolas. Mas tal consciência da ameaça das alterações climáticas, da exploração sem conta nem medida das riquezas que a “mãe terra” põe ao dispor dos homens tem sido esquecida por quem dirige os destinos deste nosso mundo e que as armas que existem têm um poder destruidor incalculável, pela inconsciência de que estes perigos e estas consequências nefastas se estendem ao mundo inteiro por um processo de globalização que dá a todos estes factos uma dimensão incontrolável , de tal maneira que qualquer conflito, em qualquer ponto do globo pode levar á nossa destruição total.  E verificando-se que as chamadas de atenção destes perigos é feita por pequenos grupos ou pequenas organizações sem capacidade para alterar de maneira significativa a situação dramática em que vivemos , situação que já tem levado a reuniões internacionais bastantes abrangentes mas cujos resultados ou as medidas recomendadas rapidamente caiem no esquecimento, porque mexem forçosamente na tal ânsia de poder consubstanciada em poder político  mas especialmente no poder financeiro que é  o verdadeiro miolo da vida política e social.   Curiosamente a voz mais ouvida é a do atual Papa Francisco que, esse sim, demonstra ter a verdadeira noção da gravidade da situação e clama ( e escreve) solicitando que se tomem medidas urgentes. E a sua voz não é movida por quaisquer interesses que não sejam a felicidade dos homens proclamada e vivida por Jesus há dois mil anos. E aponta a facilidade da solução que reside com toda a simplicidade em viver a solidariedade e o amor entre os homens. Mas para tal torna-se necessário mudar a economia deste mundo pois esta que nos rege é “uma economia que mata” como Ele diz. E perante a cegueira e a surdez dos homens Ele poe a esperança duma mudança radical nas mãos da juventude que – essa sim – tem a consciência de que o seu futuro está verdadeiramente ameaçado. E temos assistido a manifestações, em vários países, dessa juventude gritando por uma solução para tal situação e dizendo que não há um plano B para resolver a situação crítica do seu futuro. E tal posição da juventude podemos vê-la ao assistirmos a reuniões de muitos milhares de escuteiros do mundo na América do Norte, e até entre nós. Podemos sentir essa preocupação na reunião programada para Portugal , pelo Papa, para o ano 2022. Podemos sentir a real preocupação do Papa Francisco dando aso a reuniões que definam o que é a “economia de Francisco” ou  dizendo que a política é uma manifestação da caridade, pois toda a atividade que pretenda mudar a vida tendo em mente as franjas da sociedade que sofrem  a fome, a insegurança e a miséria , é fazer política. No entanto ouvimos e lemos que num inquérito feito entre nós a maioria declarou que querem ver a Igreja afastada das questões políticas, certamente por verificarem que os atuais políticos não têm no centro das suas preocupações a salvação do nosso planeta, tão absorvidos estão com os problemas dos deficits e da acumulação da riqueza produzida nas mãos “duns poucos” e fechando os olhos aos milhares que morrem de fome ou de subnutrição. Estamos verdadeiramente nas mãos da energia da nossa juventude que tenta “acordar” os homens e mulheres dos “quarenta”, atualmente nos lugares de mando, para a dramática encruzilhada em que nos encontramos. Estamos  nas mãos dos filhos e netos de quem nos governa e que estão respondendo à chamada do Francisco de Roma. É que o Criador em nome de quem Ele fala, incarnou em Jesus para nos dizer como viver no Amor, facto que tem sido esquecido pelos homens e até pela Igreja.