20 Abril 2024, Sábado
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GO Efluentes

A produção animal foi decisiva para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas tradicionais não só pela produção de alimento (carne ou leite), como também pelo fornecimento de corretivos para o solo (estrumes) que reciclam cerca de 70% dos nutrientes que, não sendo digeridos, se perdem nos excreta. Porém, a intensificação destes sistemas, originou uma perda global de nutrientes a vários níveis: concorrência com a utilização de cereais para consumo humano, baixa eficiência digestiva por parte do animal, excesso de excreta e impacto ambiental negativo quando o maneio é inadequado ou quando se verifica uma descarga imprópria ou acidental de efluentes. Com elevadas concentrações de explorações em determinadas regiões, as limitações de áreas disponíveis para valorização dos resíduos na exploração são uma realidade.
Os conceitos de “economia circular” e “resíduo zero” estão na ordem do dia e assumem uma maior importância nos países mediterrânicos pelas suas caraterísticas climáticas e geográficas: elevadas temperaturas durante o Verão com a previsão de um aumento médio por década de 0,5ºC; diminuição em cerca de 80% da precipitação e aumento da frequência e intensidade das secas; erosão e lixiviação dos nutrientes dos solos; solos no sul da Europa com valores de matéria orgânica muito baixos e que se perde rapidamente, devendo a sua qualidade ser melhorada. A toda esta problemática, associa-se o peso da legislação imposta pela UE (Diretivas Nitratos, Água, Teto de Emissões, etc.).
Considerando a importância económica, alimentar e ambiental do sector agropecuário e os desafios que este enfrenta, o projeto GO Efluentes pretende criar oportunidades de implementação de soluções concretas para aumentar a eficiência da utilização de água e nutrientes, reduzir efeitos ambientais e valorizar o que até há pouco tempo era considerado desperdício.
O GO Efluentes é financiado pelo PDR 2020 teve início em janeiro deste ano e tem a duração de 3 anos. As entidades que fazem parte deste grupo incumbido na implementação do projeto são o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária I.P., o Instituto Superior de Agronomia, a Universidade de Évora, a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, a Associação Portuguesa de Criadores de Raça Frisia, a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos compostos para animais, a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores, as empresas Alirações, Campoaves, Leal &Sores, Ingrediente Odyssey, Valorgado e TTerra.
Com esta parceria pretende-se:
– Desenvolver uma metodologia de mapeamento da gestão dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários.
– Desenvolver bases conceptuais de gestão dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários, visando estabelecer um padrão de previsão do cenário de produção e caraterização dos ecossistemas e das atividades pecuárias, em regiões específicas.
– Instalar de unidades de experimentação/demonstração que respondam a questões específicas de gestão/valorização de efluentes e ajudem os diferentes atores no cumprimento das imposições legais/normativos.
– Contribuir para o Inventário Nacional de Emissões com dados nacionais específicos: monitorização, comunicação e verificação das emissões de gases com efeito de estufa.
– Recolher informação espacial, relativa aos sistemas de gestão de efluentes (armazenamento, tratamento, aplicação) necessárias para: sensibilização dos diferentes atores; estimativa precisa das emissões; identificação da região e de opções de mitigação específicas; abordagem uniforme em estudos de cenários.
O GO Efluentes tem uma estratégia de atuação transversal a todo o sistema produtivo. Atendendo às diferentes especificidades do sector suinícola, bovinicola e avícola, procura tipificar as principais variáveis dos fluxos gerados nestes sistemas agropecuários, pretendendo apontar e testar estratégias operacionais, eficazes e eficientes, para a sua respetiva valorização/gestão sustentáveis.

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Maria Figueiredo
Engenheira, diretora da TTerra
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