29 Março 2024, Sexta-feira
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InícioOpiniãoA verdadeira e censurada entrevista de José Sócrates à RTP

A verdadeira e censurada entrevista de José Sócrates à RTP

Pela primeira vez na história da política portuguesa, um primeiro-ministro está acusado de corrupção. Na sequência dessa acusação feita pelo Ministério Público, José Sócrates, ex-primeiro-ministro e ex-engenheiro, concedeu uma entrevista exclusiva à RTP. O que pouca gente sabe é que a verdadeira entrevista não foi a que passou na RTP. A verdadeira terá sido censurada pelo próprio entrevistado. Dizem-me que são resquícios de tiques antigos. O Diário da Região teve acesso à verdadeira entrevista conduzida pelo jornalista da RTP, Vítor Gonçalves:

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VÍTOR GONÇALVES – A primeira questão que lhe quero colocar é esta: Foi um primeiro-ministro corrupto?
JOSÉ SÓCRATES –Não. Isso é uma falsidade. Nunca fui um primeiro-ministro.
VÍTOR GONÇALVES – O senhor nega que os 35 milhões de euros, que o Ministério Público diz que recebeu, são efectivamente seus?
JOSÉ SÓCRATES – Ó Vítor Gonçalves, você faz umas perguntas absurdas. Isso é uma falsidade. Eu não tenho nada a ver com isso. Então você acha que eu tinha dinheiro na Suíça em nome de um amigo? Nos dias que correm não se pode confiar em ninguém.
VG –A acusação diz que Carlos Santos Silva era o seu “testa de ferro” e que esse dinheiro na Suíça era seu. Diz também que levantava quantias em dinheiro para si. Porque não faziam transferências?
JS – Isso é mais uma falsidade. O que acontece é que eu conheço o Carlos Santos Silva há mais de 40 anos e ele fazia-me pequenos empréstimos em dinheiro. Olhe, a última vez foi para eu ir ao pão. Esqueci-me onde meti a carteira e o meu grande amigo emprestou-me cerca de 7500 euros. Felizmente ele anda sempre com trocos no bolso.
VG –O Ministério Público acusa-o de falar em código para pedir dinheiro a Carlos Santos Silva, de forma a não levantar suspeitas. Dizem, por exemplo, que utilizava expressões como “fotocópias” ou “aquela coisa de que eu gosto”.
JS – Isso é outra falsidade do Ministério Público. Quem me conhece sabe que “aquela coisa de que eu gosto” refere-se a Pão-de-ló que é um doce tradicional da Covilhã, de onde eu sou oriundo.
VG – José Sócrates, que ligação tinha com Zeinal Bava e Ricardo Salgado?
JS – Olhe, é mais uma falsidade. Eu não conheço nenhum desses senhores. Recordo-me vagamente de uma vez ter comprado flores a um primo do Zeinal Bava durante um jantar num restaurante indiano. Apenas isso.
VG – E quanto a Ricardo Salgado?
JS – Quem?
VG – Ricardo Salgado…ex-presidente do BES.
JS – Não conheço.
VG –Foi encontrada uma factura de um quadro de Júlio Pomar em casa de Carlos Santos Silva. O quadro estava em sua casa. Como explica isto?
JS – Como deve ter percebido, isso é uma falsidade do Ministério Público. E é muito simples de explicar: o meu amigo Carlos Santos Silva é um colecionador de arte. Comprou esse quadro do Júlio Pomar mas convenceu-me a trocá-lo por seis ou sete quadros meus que eu tinha pintado quando ainda andava num infantário na Covilhã.A mulher dele achava que os meus quadros ficavam melhor na sala deles. Enfim, convenceram-me a trocar os meus quadros pelo do Júlio Pomar e eu fiz-lhes essa vontade.
VG – A acusação refere também que José Sócrates beneficiou o Grupo Lena.
JS – Cá está mais uma falsidade. Nunca comprei nenhum CD deles. Isso é completamente falso. Só oiço música erudita.
VG –Como assim? O Grupo Lena é uma construtora…
JS –Ó Vítor Gonçalves, ou você não preparou bem a entrevista ou também pactua com as infâmias do Ministério Público. Toda a gente sabe que o Grupo Lena é uma banda de música Pop liderada pela Lena d’Água.
VG – José Sócrates, acredita no que está a dizer?
JS – Isso é mais uma falsidade…
VG – Não fiz uma afirmação. Fiz uma pergunta.
JS – Bom, Vítor Gonçalves, isto é uma campanha de difamação do Ministério Público contra a minha pessoa e acho deplorável que um jornalista como o Vítor Gonçalves pactue com isto.
VG – Peço-lhe que responda.
JS – Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que isso é uma falsidade. Mas ainda bem que me faz essa pergunta, na medida em que o coelhinho foi com o pai natal no comboio ao circo.

Manuel Jorge
Humorista
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