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O PÁLIDO PONTO AZUL

O PÁLIDO PONTO AZUL

O PÁLIDO PONTO AZUL

14 Fevereiro 2017, Terça-feira
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Dia de estreia. Já passa das 21:30H. A luz desvanece e a plateia silencia. A videografia enche a sala. Chegámos à lua! Embarcamos nesta viagem à nossa “CASA”, fazendo várias paragens, onde o intérprete e coreógrafo, Fábio Simões, que se formou como bailarino profissional, na Escola de Dança do Conservatório Nacional, em 2008, irá não só sensibilizar o público para as questões humanas e ambientais, como avivar memórias que marcaram a História da Humanidade. O nevoeiro instala-se. Uma névoa densa atinge-nos.

O que será que esta esconde? Ouvem-se sons da natureza. Um manto de areia cobre o palco. Uma fogueira. Uma cadeira. O bailarino entra em cena e observa a plateia. Veste calças castanhas e camisola branca. Dança em torno da fogueira como se tivesse descoberto algo. A descoberta do fogo. A evolução do homem. Surgem imagens de várias personalidades conhecidas. Tudo está centrado naquela parede onde são projetadas. Será isto uma chamada de atenção? Conheceremos todas aquelas pessoas, que em algum momento deram o seu contributo para a sociedade nas mais diversas áreas? Um cenário de guerra.  O discurso do grande ditador, de Charlie Chaplin ecoa pelo teatro. Palavras fortes, que nos fazem pensar na importância da vida e no quanto a guerra é desprezível.  A morte. Um batimento cardíaco. Uma vida. O movimento acompanha o som palpitante de um coração a bater. Movimentos fluidos, salpicados de movimentos stacatto. Ouve-se a respiração do bailarino. É esta que impulsiona o movimento. Este foi um dos momentos mais bem conseguidos no espetáculo, se tivermos em conta a relação entre a videografia e o movimento do bailarino. Existia uma perfeita conexão, como se ambos fossem um só. Sem barreiras! O fumo regressa. A cadeira permanece. Sentimo-nos a entrar num mundo imaginário, distante. O palco é beijado por uma luz vermelha, que penetra pela névoa. A música Lights, da banda Archive inunda a plateia. Uma videografia, onde a azáfama impera acompanha-a. Neste momento, todos os movimentos têm no chão o seu início e o seu fim. A emoção da música é captada pelo intérprete de um modo exímio. Conseguimos sentir a sua dor, mas quantas dores poderemos nós ter? Nuvens. O vento a soprar. Ressoa a música Nature boy, interpretada por Halie Loren. Somos arrebatados por um sentimento de melancolia. O bailarino dança como se estivesse sobre as nuvens projetadas. Movimentos suaves, que nos acariciam. Um dueto com a cadeira, que não o abandona durante todo o espetáculo. Aqui retemos uma das melhores mensagens: “A maior coisa que tu irás aprender, é apenas amar e ser amado”. Chegamos ao momento que inspirou todo este processo. O pálido ponto azul, de Carl Sagan. O intérprete surge de calças e camisa branca. Um ramo de flores brancas adorna a sua mão, como que a simbolizar a paz. Agora está na sua “CASA”, o planeta Terra. Os movimentos acompanham o vídeo, existindo sincronia. Sobre ele caem pequenos pontos azuis, que representam o pálido ponto azul, visto daquela posição de observação distante. Aquele pálido ponto azul, o único lar que conhecemos e designamos de planeta Terra.

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Um espetáculo que desperta a nossa emoção e nos leva a pensar no que nos rodeia e no quanto não ligamos a esse meio envolvente. Muito forte em termos visuais e da mensagem a transmitir, mas em alguns momentos a força da videografia faz com que a força do bailarino se perca, pois não nos conseguimos concentrar em tudo ao mesmo tempo. O desenho de luzes foi uma boa aposta. Os focos de luz ajudaram a concentrar a atenção, enquanto que as cores quentes utilizadas deram um ar mais intimista ao espetáculo. A utilização da areia no palco enfatizou o movimento, dando-lhe outra beleza. Como se o prolongasse. Movimentos fluidos, stacatto, quedas, saltos e movimentos de chão foram utilizados durante o espetáculo. Para terminar, uma frase retirada do discurso de Carl Sagan: “Gostemos ou não, de momento, a Terra é o nosso único lugar”.

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, Mestre em Sociologia
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