11 Maio 2024, Sábado

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Homem acusado por matar mulher e tentar asfixiar filho no dia depois do Natal 

Homem acusado por matar mulher e tentar asfixiar filho no dia depois do Natal 

Homem acusado por matar mulher e tentar asfixiar filho no dia depois do Natal 

Ministério Público considera que alegada traição maculou honra do agressor, que se sentiu legitimado a matar esposa

 

Jorge Monteiro, 56 anos, degolou a mulher, Ana Paula Rodrigues, 50 anos, em casa no Seixal tomado por ciúmes doentios após ver mensagens no telemóvel desta, com quem estava casado há mais de 20 anos. O filho do casal, com 22 anos, tentou salvar a mãe, mas também foi alvo da fúria do homicida e vítima de tentativa de homicídio. Jorge tentou depois o suicídio, mas sem sucesso.

O crime ocorreu no nº 97 da Avenida Pinhal do Vidal, em Corroios, na manhã do dia 26 de Dezembro do ano passado. De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), Jorge Monteiro aproveitou que a companheira tomava um banho para lhe espiar o telemóvel. Encontrou uma troca de mensagens de conteúdo aparentemente amoroso com um homem e foi confrontar o filho, questionando se sabia quem era esse homem. O filho respondeu que não sabia, ao que o arguido respondeu “a tua mãe anda-me a trair com este homem e vocês vão fugir com ele”.

Movido por ciúmes, arguido dirigiu-se então à sala e retirou de dentro de um móvel um punhal. De faca em riste, entrou na casa de banho e entrou para o interior do poliban, onde Ana Paula Rodrigues se encontrava. Sem perguntar nada, o arguido desferiu vários golpes no pescoço e face da vítima, fazendo com que esta caísse com as costas no chão e a cabeça apoiada na pedra.

O filho do casal partiu em socorro da mãe e dentro da casa de banho, atirou um balde contra o seu pai, tentando que este parasse com as agressões, mas sem sucesso. O arguido virou então as atenções para o filho e apertou o pescoço deste, para o asfixiar. O jovem conseguiu fugir para a rua e pedir ajuda, “regressando rapidamente, por breves segundos, pedindo à mãe que dissesse quem era o indivíduo das mensagens, ao que respondeu que se tratava apenas de um amigo”, pode-se ler na acusação do MP, baseada na investigação da PJ de Setúbal. Nesse momento, o arguido esfaqueou a mulher no pescoço, provocando-lhe a morte.

A PSP já tinha sido alertada e entrou na habitação, encontrando o arguido a tentar matar-se com a mesma arma do crime. Aos agentes afirmou que a vítima “o andava a trair, que tinha problemas psiquiátricos e que a medicação não estava a fazer afeito, sentindo-se desprezado pela esposa e pelo filho”. Jorge foi detido em flagrante delito e transportado para o hospital. Ficou em prisão preventiva, sem ser presente a juiz e antes de ter alta.

O Ministério Público acusou agora o arguido pelo homicídio qualificado da mulher, bem como pela tentativa de homicídio do filho, e por violência doméstica.

Agressor depressivo e vítima extrovertida 

Jorge Monteiro era tido como homem de poucas palavras, que ferve em pouca água, discutia com jovens que conviviam junto da sua casa e era introvertido, ao contrário da companheira. Ana Paula, natural de Vinhais, lojista em Lisboa era tida como extrovertida e alegre.

O agressor, engenheiro no Porto de Lisboa, estava há alguns meses de baixa médica por padecer de doença do foro psiquiátrico, depressão e ansiedade. Foi declarado imputável pelo MP e vai responder pelos crimes em tribunal.

Arguido sentiu-se legitimado a matar mulher 

O MP considera que o arguido, “imbuído de sentimentos de ciúme, despeito e posse que caracterizam o ascendente estereotipado dos diferentes papéis do homem e da mulher no contexto da conjugalidade, para quem uma alegada traição feminina é vivida como maculando a honra daquele que, assim “ferido”, se sente legitimado a fazer justiça, no limite tirando a vida à sua companheira”, pode-se ler na acusação, a que o SETUBALENSE teve acesso.

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