É a mexer em capulanas que diz sentir-se feliz, ao mesmo tempo que se sente orgulhosa de estar a divulgar a bonita história do tecido utilizado pelas mulheres africanas
O negócio de Andreia Fortuna, a viver há cerca de quatro anos na Moita, surgiu quase que “por brincadeira”, depois de o namorado a ter apresentado ‘ao mundo’ das capulanas.
Formada em Coordenação e Produção de Moda e em Design Gráfico, ambos cursos profissionais, e depois de diversas experiências profissionais que levaram a que se sentisse “descontente” com a sua situação profissional, a jovem de 27 anos diz ter-se apaixonado pelo tecido utilizado pelas mulheres em África.
Em 2018, a história de amor de um casal com ligações a Portugal e Moçambique deu origem à ‘Mwani Store’. “Vi que havia aqui uma grande oportunidade de valorizar e transformar a capulana no nosso país. Os dois países sempre estiveram unidos de tantas formas que não nos podemos ficar só pelas partes más”, explica.
Demorou apenas um mês a transformar “a ideia numa marca real”, apesar de, numa fase inicial, o processo ter decorrido “de forma muito lenta”. “O projecto nasceu muito rapidamente e fui eu que fiz tudo, mas, apesar de saber costurar, é preciso técnica e como não sabia fazer tudo teve de acontecer lentamente”.
Os primeiros artigos, de decoração para casa, como “individuais, almofadas e guardanapos”, Andreia Fortuna mostrou apenas à família e amigos. “Eles gostavam e eu fui continuando, porque é algo que não está a ser muito desenvolvido aqui, não com um conceito descentralizado, visto numa perspectiva de como nós nos vestimos na Europa”.
Mwani é praia e cores que representam os tecidos africanos
Já o nome da marca foi escolhido com a ajuda do namorado, auditor de profissão. “Pedi-lhe para escolher algo com ligação à família e que fosse sonante. Chegámos à conclusão de que Mwani era o nome perfeito pois significa praia, que representa as cores, cores estas que representam os tecidos africanos”.
O passo seguinte passou pela criação de um logotipo, necessário para o negócio começar a estar presente em feiras. “Para tal, tínhamos de ter uma presença gráfica. Começámos assim em termos de exposição porque, não tendo muito capital de investimento, tivemos de divulgar e apresentar o produto fisicamente para as pessoas nos conhecerem”.
Depois de notar que “na Moita não havia muito local onde divulgar o projecto”, Andreia decidiu apostar no concelho de Palmela. No entanto, na primeira experiência com o público, apenas conseguiu “fazer cinco euros numa semana”.
“É um valor muito ridículo. Qualquer pessoa desistiria, mas é normal. Ninguém nos conhecia e também é um meio pequeno”, considera. Foi este o impulso que diz ter tido para “trabalhar mais na parte da imagem e na parte do on-line”.
“Criei um site e todas as redes sociais do projecto”, acrescenta. Hoje faz questão de “investir muito em andar de Norte a Sul do País, para comunicar directamente com as pessoas”.
2022 tem sido o ano das grandes mudanças
Natural de Lisboa, a jovem de 27 anos chegou a fazer a roupa utilizada em várias telenovelas portuguesas e a vestir os intervenientes de um canal de televisão. Quando o projecto nasceu, trabalhava em simultâneo “numa loja e ia conjugando as coisas”. Não sabia a empreendedora que 2022 seria um ano de grandes mudanças.
“No início deste ano fui para a Incubadora de Empresas do Município de Palmela, que é onde tenho o meu atelier, deixei o meu trabalho para me dedicar a 100% à marca e consegui alavancar mais o negócio, o que me tem feito ter um volume de facturação maior com consistência para continuar”.
Em jeito de retrospectiva, apercebe-se que “foram necessários três anos e duas mil peças para o projecto realmente ter ‘pezinhos’ para andar”, apesar de “haver ainda um caminho muito grande a ser feito, principalmente na parte da imagem e dos conceitos”.
Mais recentemente, e depois de apostar nos acessórios, decidiu dar o passo seguinte e começou também a fazer vestuário. “Comecei com os elásticos para o cabelo, porta-chaves e coisas mais básicas, além de ímanes para o frigorífico e assim. Era isto que levava para os mercados. Agora já faço roupa de senhora, para homem e crianças e até acessórios para animais”.
Salienta igualmente que “é um tecido riquíssimo, feito 100% de algodão, ou seja, tem muita qualidade, cores fortes e muita durabilidade às lavagens”.
No que diz respeito às vendas, “em termos do on-line, 70 a 80% do que é vendido vai para o Norte”, enquanto a nível do presencial, tomou a decisão de apenas fazer “os mercados grandes em Lisboa e Norte, enquanto os mais pequenos são feitos na região”.
No entanto, é em Palmela que Andreia garante sentir-se bem. Ir a Moçambique é também um dos seus desejos.
Andreia Fortuna à queima-roupa
Idade: 27 anos
Naturalidade: Lisboa
Residência: Moita
Área: Coordenação e Produção de Moda e Design Gráfico
Através das capulanas, o que a move é a ambição de enriquecer a ligação entre Portugal e Moçambique