ULSAR adianta que foram de imediato alertados os profissionais de saúde que estavam na Urgência de Obstetrícia e que prestaram os cuidados imediatos e adequados
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro considerou esta quarta-feira inaceitável o caso de uma mulher, em trabalho de parto, que teve “a criança à porta do bloco de partos do Hospital do Barreiro”.
Em comunicado, a comissão diz-se consternada com o caso e repudia a situação ocorrida na segunda-feira, considerando que “atenta em grande medida” contra “os mais fundamentais direitos no acesso à saúde”.
Numa resposta enviada à agência Lusa, a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), da qual faz parte o hospital de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, confirmou que uma grávida de termo se dirigiu a este hospital, cuja Urgência de Ginecologia/Obstetrícia se encontrava temporariamente encerrada ao exterior.
A utente, adianta a administração da ULSAR, não fez contacto prévio com a Linha SNS 24, dirigiu-se à urgência geral, tendo sido encaminhada para o bloco de partos, tendo o parto ocorrido durante o percurso, pelas 8h30.
A ULSAR adianta que foram de imediato alertados os profissionais de saúde que estavam na Urgência de Obstetrícia e que prestaram os cuidados imediatos e adequados, transportando a utente para o interior do bloco e assegurando os cuidados necessários à mãe e filho.
Na resposta enviada à agência Lusa, a ULSAR adianta que, apesar de a Urgência de Ginecologia/Obstetrícia se encontrar temporariamente encerrada ao exterior, permanecem no serviço profissionais de saúde especializados para dar resposta a situações internas e situações emergentes que possam surgir, tal como aconteceu esta segunda-feira.
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro critica o encerramento dos serviços de ginecologia, obstetrícia e bloco de partos, referindo que esta situação tem merecido a maior atenção e mobilização por parte dos utentes do Barreiro e dos concelhos servidos pelo hospital local.
Em comunicado, a comissão defende que não são medidas de concentração de utentes que resolvem o problema do acesso à saúde, considerando inaceitável que existam dias em que nenhum hospital da região tem a sua maternidade aberta.
“É inaceitável que se encaminhem mulheres grávidas e em trabalho de parto para hospitais fora da sua zona de residência, sabendo de antemão a situação de sobrelotação desses equipamentos”, adianta.
Esta situação, segundo a estrutura de utentes, tem-se agravado e “só num ano nasceram mais de 50 bebés em ambulâncias”.
“Quantas mães terão de se deslocar e viver momentos de angústia e incerteza para ter os seus filhos?”, questiona a comissão, defendendo ser urgente valorizar os profissionais de saúde e investir no reforço das condições do Hospital do Barreiro e do Serviço Nacional de Saúde.
A comissão apela ainda à participação massiva da população na defesa do Serviço Nacional de Saúde num desfile no Barreio na noite de quinta-feira.